Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2025

Suzano: Treze Anos de Solidão

Imagem
De minha janela, vejo o rodoanel serpenteando o horizonte, os contornos da malha urbana de Suzano, um pedaço de Mogi das Cruzes, o sopro de Poá. Vejo também um silêncio pesado, feito de promessas não cumpridas, de obras morosas, de bairros esquecidos. É o silêncio da cidade que vive uma espécie de Macondo paulista , atravessada não por cem, mas por treze anos de abandono. Gabriel García Márquez escreveu que Macondo foi condenada a cem anos de solidão porque não soube decifrar seus próprios pergaminhos. Suzano, hoje, carrega seus pergaminhos em relatórios oficiais, discursos de campanha e planos que não viram futuro. Pergaminhos que anunciam não um destino inevitável, mas um ciclo de repetição: hospitais que não abrem as portas, educação que caminha por osmose, centro que se desconecta do tempo, várzea aterrada pelo peso da especulação. Na saúde, o povo sofre golpes sucessivos: o hospital de retaguarda sem portas abertas, o hospital regional transformado em obra midiática, a Santa C...