Cuidar da cidade não pode custar a saúde de quem protege *

Num tempo em que tudo se mercantiliza, inclusive a esperança, o discurso da “segurança pública” não pode ser usado como atalho político. A Câmara de Mogi das Cruzes se sentiu pressionada a aprovar, o Projeto de Lei nº 115/2025 que cria a chamada Diária Especial por Atividade Complementar (DEAC), uma espécie de sobrejornada paga a integrantes da Guarda Civil Municipal. Aparentemente inofensiva, a proposta revela, no entanto, um modelo de gestão que não percebe que combater a violência — não significa transferir, silenciosamente, para os ombros do trabalhador público a resposabilidade do BO. Sob o véu da voluntariedade, o projeto abre caminho para um desequilíbrio profundo. Quem não adere à DEAC perde, na prática, capacidade de sustentar sua própria subsistência diante da corporação. O que se vende como “comprometimento com a cidade” se torna um mecanismo de desigualdade interna, onde o servidor que apenas cumpre sua jornada ordinária abre caminho para ser tratado como menos produtivo....