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Mostrando postagens de abril 19, 2025

Os limites do tempo vivido: por que civilizações inteiras deixam de existir?

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A vida humana só é possível em comunidade em relação com a natureza e com o outro. Vivemos um tempo-limite. Um tempo em que a espessura que dá substância a história se comprime em bytes, e a existência humana tem a oportunidade de se equilibrar entre telescópios que decifram galáxias e algoritmos que decidem o preço do pão. Nesse tempo, perguntamo-nos: por que tantas civilizações morreram? O que permanece? E o que em nós nos sabota, impedindo uma evolução que dure mais do que um suspiro no tempo profundo? Esta série de sonetos nasce como tentativa poética de uma vivência teimosa de atravessar essa pergunta. Em vez de propor respostas definitivas, os versos tentam habitar a dúvida, convocar o espanto e escutar o sussurro do que insiste em viver. A poesia aqui é porto e passagem. Caminho que acolhe a reflexão antes do manifesto, a escuta antes da teoria, o grito antes da marcha. Que esta leitura seja um rito de reencontro com aquilo que pode, enfim, reencantar o mundo.   ...

Nosso Cotidiano: entre trens lotados, corpos exaustos e a esperança que resiste

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Um jovem acorda cedo na periferia. Ainda está escuro. Toma um café rápido, após um banho com a água que chega em sua casa pelos canos instalados com dinheiro público — obra coletiva agora praticamente doada, via concessão, ao acúmulo de alguns milionários. Sai de casa em direção à estação. Vai trabalhar. Mais tarde ainda tentará chegar à faculdade. No caminho, encontra pessoas dormindo nas calçadas, crianças pedindo nos faróis, viaturas abordando com brutalidade outros jovens como ele — corpos racializados, periféricos, cansados. O trem vem lotado. A esperança tenta se equilibrar entre os empurrões e o sono acumulado. Este lugar não é Londres no século XIX. É Suzano , Mogi das Cruzes , Itaquaquecetuba , Ferraz de Vasconcelos . É o Alto Tietê. É o Brasil real. A crítica como herança e método Mas não é só no trem lotado ou na fila do ônibus que a desigualdade se revela. Em cada farol das grandes avenidas, ela estampa os rostos de crianças que carregam balas, panos, flores e esper...