Entre o vazio e a Justiça Social.

Vivemos uma época em que os velhos fundamentos se dissolvem. As promessas de eternidade, os dogmas da verdade absoluta e os falsos profetas da ordem já não sustentam a vida. O niilismo nos revela isso sem disfarces: nada está garantido . Esse vazio não é derrota. É a mais radical das ousadias: olhar de frente o nada e nele encontrar a possibilidade de recriar o mundo. Se o céu está vazio, o chão está vivo. É na matéria histórica — no corpo, no trabalho, na luta — que se ergue o espaço da existência humana. O materialismo nos recorda que não somos espectros perdidos no cosmos: somos seres concretos, tecedores de história. O que não podemos experienciar no infinito do universo, podemos transformar no finito da terra, da cidade, da comunidade. A radicalidade da matéria nos convoca a agir aqui e agora, não em outro lugar. Do niilismo nasce uma responsabilidade: já que não existe sentido dado, somos nós que devemos criar. A justiça social não é presente dos céus, mas conquista human...