CARTA ABERTA – 19 DE ABRIL: O TEMPO DOS POVOS ORIGINÁRIOS E A PARTIDA DE FRANCISCO

Quando éramos crianças, aprendíamos na escola que o dia 19 de abril era o "dia do índio". As semanas que antecediam a data eram preenchidas por desenhos em cartolina, cocares de papel, textos ditados e festas ensaiadas. Com mãos infantis, tentávamos reproduzir aquilo que os livros didáticos nos diziam ser a cultura indígena. Havia nesse gesto algo de bonito, uma tentativa de aproximação — mas também uma ausência profunda: a ausência de escuta real, de respeito à diversidade, de reconhecimento da presença viva dos povos originários em nosso país e no mundo. Como tantos de nós, fomos ensinados a ver o indígena como passado, como figura folclórica, como personagem que já não habita o agora. Mas os povos originários estão vivos. Estão nos rios, nas matas, nas periferias, nas aldeias urbanas e rurais. Estão nos rituais e nos corpos, nas línguas que resistem ao silêncio forçado, nas técnicas de cuidado com a terra que salvam a vida e desafiam o lucro. Estão nos saberes que atraves...