Michel Siffre: O homem que desceu à escuridão para medir o tempo

Em 1972, o cientista e espeleólogo francês Michel Siffre decidiu repetir — de forma ainda mais radical — uma experiência que já havia conduzido dez anos antes. Ele se trancou numa caverna a cerca de 440 pés de profundidade, isolado por 180 dias, sem luz solar, sem relógio e sem contato humano direto. O objetivo não era resistência física, mas investigação: compreender como o corpo e a mente regulam a percepção do tempo na ausência de qualquer referência externa. Siffre, formado em geologia e apaixonado pela psicologia do tempo, acreditava que a chave para entender aspectos profundos da nossa natureza estava na relação entre o relógio biológico e o ambiente. Ao eliminar os marcadores habituais — nascer e pôr do sol, horários de refeições, vozes, sons da vida urbana — ele pretendia observar o funcionamento “nu” do ciclo humano de sono e vigília. O método e a experiência Nos primeiros dias, tentou manter uma rotina guiando-se apenas por sinais internos, como fome e sono. Mas, sem lu...