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Mostrando postagens de outubro 24, 2025

O Sétimo Dia da Humanidade

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Por uma nova respiração do tempo Por 𝓜ₕ ᵤ ₘₐₙₒ Há séculos trabalhamos. Mas poucos perceberam que, nesse ato contínuo de produzir, também fomos nos perdendo. A cada giro da máquina, a cada minuto cronometrado, a cada meta atingida, um pouco do humano se apaga — e o tempo, esse espelho do ser, vai se tornando uma parede. O relógio, que nasceu para medir a vida, passou a medi-la contra nós. O 6×1 é o nome técnico dessa parede. Seis dias para entregar o corpo, um dia para devolvê-lo à consciência. Mas esse um dia nunca chega inteiro. O descanso não é repouso: é anestesia. É o instante em que o corpo para, mas o espírito ainda trabalha — pensando nas contas, nas metas, no retorno, no “amanhã cedo”. O sétimo dia virou mito. E o mito virou ausência. Mas há um segredo nas sombras: o humano não se salva por decreto, nem por escala — se salva quando retoma o seu ritmo . A verdadeira revolução do trabalho não está nas horas que se cortam, mas no sentido que se restitui . O fim do 6×1 nã...

O Mercado como Nova Religião do Estado

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“Todo poder que se diz técnico, deseja ser incontestável.” — " A Geometria dos Saberes " Há algo de profundamente religioso na linguagem econômica de nosso tempo. Os ministros e presidentes de bancos, os porta-vozes de federações industriais e as agências de rating ocupam o espaço simbólico que, outrora, cabia aos sacerdotes do destino. A liturgia mudou, mas o rito permanece: números substituíram oráculos; relatórios tomaram o lugar dos evangelhos. A economia tornou-se o novo templo do Estado — e o mercado, sua divindade invisível. As manchetes sobre crescimento, comércio exterior, política tributária e relações diplomáticas não apenas informam: elas ordenam o mundo. Cada dado publicado — inflação, superávit, taxa de juros — atua como mandamento moral. “É preciso ajustar”, “é necessário conter”, “é fundamental recuperar a confiança”. Palavras técnicas, porém carregadas de fé. O dogma é claro: o equilíbrio fiscal é virtude; o déficit, pecado. A retórica da eficiência nã...