Entre urnas e algoritmos: o sentido de votar no século das máquinas

O Brasil aprendeu a votar antes de aprender a confiar. A cada eleição, repetimos o rito: filas, cabines, urna, boletim. Tudo parece funcionar, mas algo se move no subterrâneo — uma mistura de cansaço e desconfiança. A tecnologia evoluiu, os sistemas se sofisticaram, e mesmo assim o sentimento de pertencimento parece diminuir. Votamos muito, mas participamos pouco. Nos bastidores do processo eleitoral, há uma rede de atores e forças que moldam o que chamamos de democracia: a Justiça Eleitoral, os partidos, as candidaturas, o Ministério Público, a imprensa, as plataformas digitais, os financiadores, as comunidades, os eleitores. Todos coexistem em tensão — disputando não apenas votos, mas atenção, linguagem e verdade . O coração do sistema, a Justiça Eleitoral, carrega uma virtude rara: é tecnicamente sólida, exemplar em transparência e eficiência. Mas há algo que ela ainda não alcança sozinha — o imaginário coletivo . A confiança não nasce apenas da técnica; nasce da compreensão. E...