Transporte público e justiça territorial: o que São Paulo decide reverbera no Alto Tietê


A fala do vereador paulistano e urbanista Nabil Bonduki escancara a crise do planejamento metropolitano e os impactos da privatização nas periferias da Grande São Paulo.


A mobilidade urbana na Região Metropolitana de São Paulo enfrenta um grave processo de desorganização, refletido especialmente nas cidades do Alto Tietê, como Suzano, Mogi das Cruzes e Ferraz de Vasconcelos. A ausência de um planejamento metropolitano integrado, aliado à fragmentação das políticas públicas e à crescente privatização do transporte coletivo, tem comprometido o direito de ir e vir de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

O urbanista e vereador de São Paulo, Nabil Bonduki, tem sido uma das vozes mais lúcidas e consequentes nesse debate. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele alertou:

“A Prefeitura de São Paulo está se desfazendo dos seus quadros técnicos e entregando a gestão para o setor privado.”

Essa crítica ganha ainda mais peso quando lembramos que as decisões tomadas na metrópole paulistana têm repercussão direta sobre toda a região metropolitana. O esvaziamento técnico das estruturas públicas e a entrega de serviços essenciais à lógica do lucro criam um efeito dominó que chega às cidades periféricas com ainda mais violência institucional e social.

Segundo Bonduki:

“Você desmonta a capacidade técnica e coloca nas mãos do setor privado a lógica de gestão. Isso vai ter impacto não só em São Paulo, mas em toda a região metropolitana.”

A privatização em blocos das linhas da CPTM, sem articulação com os planos municipais de transporte e sem o fortalecimento dos mecanismos públicos de regulação e integração, é um erro político, estratégico e econômico. A mobilidade metropolitana não pode ser tratada como somatória de contratos, mas como sistema vivo e articulado que precisa funcionar para garantir o direito à cidade.

Reafirmamos: transporte é direito de todos e todas, e dever do Estado. É preciso reequilibrar os investimentos, garantindo que os recursos públicos cheguem também às periferias e regiões afastadas do centro expandido da capital. Não se trata apenas de construir mais estações ou corredores, mas de recolocar o planejamento público e a justiça territorial no centro da política urbana.

A luta por um sistema de transporte acessível, público, integrado e democrático é, antes de tudo, uma luta por dignidade. É por ela que seguimos.

Tem Luta!!

Referência completa:
Brasil de Fato Entrevista. Prefeitura de SP se desfaz de quadros técnicos e entrega a gestão para o setor privado, diz Nabil Bonduki. Publicado em 19/02/2025.
🔗 Ouça a entrevista completa aqui


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