A inteligência como instrumento libertador
O ato de inteligir é parte essencial da nossa natureza. Independente de gênero, etnia, situação social e econômica, formação ou origem cultural, a inteligência nos coloca em uma posição privilegiada na vanguarda do conhecimento e na capacidade de apropriação, por meio do entendimento, de todas as coisas.
A história da humanidade demonstra que nossa evolução sempre esteve diretamente ligada à capacidade de compreender o mundo ao nosso redor e transformar essa compreensão em ação. Desde os primeiros registros da cultura humana, a inteligência foi utilizada como ferramenta para superar desafios e expandir horizontes.
Na antiguidade, as civilizações mesopotâmicas, egípcias, gregas e chinesas desenvolveram sistemas de escrita, matemática e astronomia para organizar suas sociedades e decifrar o cosmos. O pensamento filosófico grego, com figuras como Sócrates, Platão e Aristóteles, colocou a razão no centro da compreensão do mundo, estabelecendo os fundamentos da lógica e da ética que influenciam o pensamento ocidental até hoje.
No período moderno, a inteligência humana se manifestou na Revolução Científica e na Ilustração, momentos em que a razão foi reivindicada como principal guia para a libertação do dogmatismo e da opressão. Pensadores como Descartes, Kant e Rousseau argumentaram que a autonomia do pensamento era essencial para a emancipação do indivíduo e da sociedade.
Os desafios que sempre tivemos para sobreviver e perpetuar nossa espécie são os grandes balizadores dos nossos códigos, tecnologias, saberes, linguagens, energia e força. Da Revolução Industrial às inovações digitais do século XXI, a inteligência coletiva nos permitiu desenvolver novas formas de organização social, ampliar o acesso à informação e criar mecanismos para enfrentar desigualdades.
A natureza feminina da inteligência
No Dia Internacional da Mulher, é fundamental reconhecer a presença feminina na construção da inteligência humana. A história, frequentemente narrada sob uma ótica masculina, negligenciou as inúmeras contribuições das mulheres para o avanço do conhecimento, da ciência, da filosofia, das artes e das lutas sociais. No entanto, a inteligência feminina sempre esteve na base da civilização, seja na transmissão dos saberes ancestrais, no desenvolvimento das sociedades ou na resistência contra a opressão.
O pensamento intuitivo, criativo e cuidadoso, muitas vezes associado ao feminino, não é menor ou secundário em relação à racionalidade cartesiana historicamente dominante. Pelo contrário, a inteligência plena é aquela que integra razão e sensibilidade, cálculo e imaginação, análise e empatia. Mulheres como Hipátia de Alexandria, Marie Curie, Simone de Beauvoir, Angela Davis, Conceição Evaristo, Dorothy Stange, Inês Paz e tantas outras demonstraram e demonstram que a inteligência não é apenas um instrumento de domínio sobre a realidade, mas também de libertação e transformação.
A inteligência enquanto arte: a força da memória e da resistência
A arte, enquanto manifestação da inteligência, tem o poder de revelar verdades ocultas, confrontar dogmas e ampliar nossa percepção do mundo. Neste ano, o cinema brasileiro alcançou uma nova marca histórica com "Ainda Estamos Aqui", filme que retrata a trajetória de Eunice Paiva, advogada e defensora dos direitos humanos, que se tornou um símbolo de resistência à ditadura militar após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva.
O protagonismo das atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, interpretando Eunice em diferentes fases da vida, dá profundidade a essa narrativa sobre memória, luta e justiça. O filme não apenas resgata uma história real de dor e coragem, mas também demonstra como a inteligência feminina se expressa na resiliência e na capacidade de transformar sofrimento em ação política.
A vitória do cinema brasileiro em um cenário global, ao lado de produções que colocam as mulheres no centro da narrativa, reafirma que a inteligência, quando aliada à estética e à sensibilidade artística, transcende barreiras e se torna um instrumento de emancipação.
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