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Mostrando postagens de novembro, 2025

Suzano entre Feridas e Futuro: o que revelam Raul Brasil, a violência e a Várzea do Tietê

da tragédia da Raul Brasil ao aterro clandestino na Várzea: por que Suzano se tornou símbolo de uma crise que ultrapassa a cidade e atinge a própria ideia de civilização. Suzano vive um ciclo contínuo de golpes contra a vida. Desde o massacre da Escola Raul Brasil, em 2019, a cidade carregou uma das maiores tragédias de sua história sem que o poder público estruturasse políticas reais de reparação, cuidado ou prevenção. O trauma coletivo, não elaborado, tornou-se parte da paisagem social — e, como consequência, vemos crescer a violência, o medo e a sensação de abandono. Nos últimos anos, outro sintoma grave se instalou: a destruição da APA do Rio Tietê no Miguel Badra, fruto de operações de aterro e especulação que avançam sobre o território com a conivência do Estado. Quando uma cidade não protege suas crianças e também não protege seu rio, ela revela que algo fundamental se rompeu: o compromisso com o comum. O aumento recente dos homicídios no Alto Tietê — como mostram os dados d...

O Vale e o Corpo

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“Quando uma cidade repudia o direito de todos aprenderem juntos, não é o decreto que está em julgamento —é a própria ideia de humanidade.”— Reflexão sobre o voto da Câmara de Mogi das Cruzes, 2025 Há algo de podre no gesto de quem, em nome da pureza, ergue muros para esconder a humanidade. Chamam de ordem, chamam de decência, chamam de bem — mas o nome verdadeiro disso é medo. Medo daquilo que nos lembra que somos frágeis. Medo do corpo que não se encaixa. Medo da dor que não escolhe classe, credo nem cor. O capacitismo é essa arquitetura do medo. É o velho instinto de banir o diferente — o mesmo que já construiu leprosários, senzalas, manicômios, asilos e prisões. É o hábito de olhar o outro e ver nele o erro, o defeito, o castigo. Mas o erro nunca esteve no corpo. O erro está na cultura que transforma diferença em falha e vulnerabilidade em vergonha.   Cristãos de fachada Vivemos uma era em que muitos gritam o nome de Deus, mas esquecem o gesto do Cristo. Pregam dos pú...

Os Três Vértices da Crise Civilizacional: Capitalismo, Imperialismo e Ignorância

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“A desumanização não é apenas o resultado da exploração, mas da incapacidade de compreender o outro como sujeito.” — Paulo Freire I. O Capitalismo em Ruína e a Política do Medo O capitalismo, em seu estágio avançado, perdeu a capacidade de oferecer sentido. Ele sobrevive através do medo e da precariedade, convertendo o trabalho em sobrevivência e o desejo em mercadoria. Quando a vida se reduz a índices de produtividade, o ser humano passa a buscar, desesperadamente, uma forma de pertencimento — e é nesse vazio que a extrema-direita encontra solo fértil. O neoliberalismo, ao dissolver vínculos e destruir o comum, produz não apenas pobreza material, mas também desagregação moral e simbólica. A insegurança torna-se o cimento de novas lealdades autoritárias. A promessa fascista de “ordem” e “identidade” é, na verdade, a nostalgia de um mundo que nunca existiu — mas que dá forma ao medo contemporâneo. II. O Imperialismo da Miséria e a Colonização do Imaginário O imperialismo atual ...