Entre o vazio e a Justiça Social.

Vivemos uma época em que os velhos fundamentos se dissolvem. As promessas de eternidade, os dogmas da verdade absoluta e os falsos profetas da ordem já não sustentam a vida. O niilismo nos revela isso sem disfarces: nada está garantido.
Esse vazio não é derrota. É a mais radical das ousadias: olhar de frente o nada e nele encontrar a possibilidade de recriar o mundo.

Se o céu está vazio, o chão está vivo. É na matéria histórica — no corpo, no trabalho, na luta — que se ergue o espaço da existência humana.
O materialismo nos recorda que não somos espectros perdidos no cosmos: somos seres concretos, tecedores de história.
O que não podemos experienciar no infinito do universo, podemos transformar no finito da terra, da cidade, da comunidade. A radicalidade da matéria nos convoca a agir aqui e agora, não em outro lugar.

Do niilismo nasce uma responsabilidade: já que não existe sentido dado, somos nós que devemos criar.
A justiça social não é presente dos céus, mas conquista humana.
A igualdade não é destino natural, mas obra coletiva.
A ética não é lei imutável, mas compromisso histórico.

A justiça social é a resposta concreta ao abismo: a invenção de um mundo onde ninguém seja descartado, onde a dignidade não seja privilégio, onde a solidariedade seja fundamento de toda vida.

Não há manual, não há promessa, não há garantia. Há apenas a coragem de criar juntos.
Castoriadis nos lembra: a sociedade cria a si mesma.
Rosa Luxemburgo nos lembra: a democracia e o socialismo são inseparáveis.
De ambos herdamos a tarefa: transformar o nada em horizonte, a ausência em invenção, a fragilidade em potência.

Este é o nosso tempo. O tempo em que o vazio não é motivo de desespero, mas de criação.
O niilismo nos desafia, o materialismo nos ancora, a justiça social nos guia.
Somos chamados a fazer do nada a possibilidade mais ousada: um mundo justo, igualitário e humano.

Não tememos o abismo. Nele, plantamos o futuro.

Sigamos!!


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