O “quiz” de Netanyahu e a doença da humanidade!
Na tribuna da Assembleia Geral da ONU, Netanyahu ergueu um cartaz em forma de “quiz” e perguntou quem grita “Morte à América”. A cena, que parecia jogo de auditório, não escondia sua verdadeira intenção: transformar slogans da resistência em caricatura, simplificar décadas de história em uma resposta de múltipla escolha, fingir que o mundo pode ser dividido entre os que aceitam o império e os que, por ousarem resistir, devem ser punidos como terroristas.
Esse gesto revela, mais do que força, a fraqueza. Pois quando
um governante precisa recorrer à infantilização do debate para sustentar seu
discurso, é sinal de que carece de legitimidade e que sua narrativa não se
sustenta sem o recurso ao medo. Ao citar o slogan, Netanyahu não explica a sua
origem, não fala do colonialismo, das sanções, das ocupações, dos golpes que os
Estados Unidos patrocinaram. Prefere ocultar que esse grito, ainda que duro e
muitas vezes manipulado, nasceu como voz contra a dominação, como resposta ao
saque, como símbolo de um mundo cansado de ajoelhar diante de potências
estrangeiras.
Mas Netanyahu quer nos convencer de que toda resistência é
terrorismo, que toda luta por liberdade é ódio, e que a única resposta possível
é a destruição de quem ousa dizer não. É assim que justifica a punição coletiva
ao povo palestino, os bloqueios que matam lentamente, os bombardeios que
destroem casas e hospitais, a transformação de Gaza em uma prisão a céu aberto.
O nome disso é genocídio — e quando um genocídio é legitimado como política de
Estado, a humanidade inteira adoece.
O apoio dos Estados Unidos a essa política não é apenas
aliança estratégica: é a reafirmação de um imperialismo que prefere sustentar a
violência a perder a hegemonia. E nós, que assistimos a tudo, precisamos
reconhecer: não se trata apenas de Palestina e Israel, mas do risco de que se
naturalize o massacre como instrumento político, de que se aceite que
populações inteiras podem ser sacrificadas em nome da “segurança”.
Netanyahu pensa que engana o mundo com seu cartaz, mas o que
expôs foi a própria lógica de morte que sustenta seu poder. Se essa doença da
humanidade não for combatida, não será apenas o povo palestino a pagar o preço
— todos nós seremos arrastados para dentro de um tempo em que a vida vale menos
que a retórica e em que a guerra é apresentada como resposta natural.
O “quiz” de Netanyahu e a doença da humanidade —
pela voz de Yasser Arafat
Na tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, o
primeiro-ministro de Israel ergueu um cartaz em forma de “quiz” e perguntou
quem grita “Morte à América”. Esta cena não revela força, mas medo. Não é sinal
de liderança, é a prova de que sua narrativa só sobrevive se apoiada no recurso
da caricatura, da simplificação, da mentira. Quando um governante precisa se
esconder atrás de um cartaz para justificar sua violência, é porque já perdeu a
legitimidade moral.
Israel insiste em apresentar toda resistência palestina como
terrorismo. Mas terrorismo é ocupar a terra de outro povo, é destruir casas e
oliveiras, é bombardear hospitais e escolas, é cercar Gaza até transformá-la em
prisão a céu aberto. Terrorismo é punir coletivamente uma população inteira e
chamar isso de “segurança”. O verdadeiro nome disso é genocídio.
Netanyahu quis transformar os gritos de dor dos povos em
anedota de auditório. Mas a doença da humanidade não está no grito dos
oprimidos. A doença está na arrogância dos impérios que se alimentam da miséria
de outros. A doença está nos que tratam a vida palestina como vida descartável,
como moeda de barganha em alianças estratégicas.
O apoio cego dos Estados Unidos a Israel não é um detalhe
diplomático. É parte de uma engrenagem que mantém de pé um sistema mundial de
ocupação, colonização e exploração. Cada bomba lançada sobre Gaza é lançada
também sobre os princípios universais de justiça e dignidade. E cada silêncio
cúmplice é um tijolo a mais no muro da opressão.
O mundo deve compreender: não pedimos caridade, pedimos
justiça. Não pedimos esmola, pedimos liberdade. Não pedimos piedade, pedimos
reconhecimento de nosso direito inalienável à terra, à vida e à dignidade.
Enquanto os poderosos transformam nossa dor em espetáculo,
respondemos com a verdade: a Palestina não morrerá. Nossa voz ecoa não
como ameaça, mas como anúncio de que nenhum povo aceita eternamente viver
acorrentado.
O “quiz” de Netanyahu e a doença da humanidade —
versão otimista-pessimista
Imaginem só: um primeiro-ministro, que comanda um dos
exércitos mais armados do mundo, sobe à tribuna da ONU… para brincar de quiz.
Quem grita “Morte à América?”, ele pergunta. Eu quase levantei a mão — não por
ódio, mas para ganhar o prêmio, talvez um vale-comida em Gaza ou uma viagem
grátis de volta a Haifa, da qual fomos expulsos.
Netanyahu pensa que pode transformar slogans de resistência
em piadas de auditório. O problema é que, quando a piada é contada pelos
poderosos, quem ri é sempre o ocupante, e quem paga a conta é sempre o ocupado.
Não existe “quiz” inocente em boca de quem transforma hospitais em escombros.
Mas sejamos justos. Há uma coerência nisso tudo. O mesmo
governo que fecha portas e levanta muros também levanta cartazes coloridos para
entreter diplomatas entediados. Afinal, se a realidade é feia demais, o jeito é
fazer dela um espetáculo. Pobre humanidade: o genocídio virou teatro, e os
atores são os próprios verdugos.
Agora, como bom otimista-pessimista, eu confesso: ainda
acredito que Netanyahu nos prestou um favor. Mostrou ao mundo inteiro que seu
discurso não passa de papelão pintado. Quem precisa de “quiz” para explicar a
sua verdade já perdeu a resposta.
E nós? Continuamos sendo a pergunta que ninguém consegue
calar.
Boa! Emil Habibi seu estilo muito particular: irônico,
tragicômico, cheio de humor ácido que revelava as contradições do viver
palestino sob dominação. Seu livro O Otimista Pessimista é o exemplo
maior: o narrador oscila entre esperança e desespero, rindo da própria tragédia
para poder suportá-la.
Se ele escrevesse em nosso blog (como na postagem sobre o
“quiz” de Netanyahu), provavelmente faria algo assim.
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