O Ataque ao Pix é um ataque à soberania Tecnológica Brasileira
No dia 15 de julho de 2025, o governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O motivo alegado? Práticas supostamente desleais. O alvo implícito? O Pix, sistema de pagamento eletrônico gratuito, instantâneo e universalmente adotado no Brasil.
Essa
movimentação do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) escancara
um conflito de interesses que vai muito além do comércio internacional:
trata-se de uma ofensiva política e econômica contra a autonomia tecnológica
brasileira.
O
que está em jogo: a disputa por infraestrutura de poder
O
Pix, com mais de 175 milhões de usuários e responsável por R$ 2,6 trilhões em
transações só em abril de 2025, se consolidou como uma infraestrutura nacional
essencial, usada por pessoas físicas, pequenas empresas e serviços públicos. É
um instrumento de democratização do acesso financeiro — especialmente para os
setores populares — que rompe com a lógica de dependência das operadoras de
cartão de crédito e das big techs internacionais.
E
é exatamente isso que incomoda o império digital norte-americano.
Com
a implementação do Pix, grandes empresas como Visa, Mastercard e Meta
(controladora do Facebook e WhatsApp) perderam espaço no mercado brasileiro. A
tentativa da Meta de lançar o Facebook Pay via WhatsApp em 2020 foi barrada
pelo Banco Central — um sinal de que o Brasil ainda possui alguma capacidade de
regular soberanamente seu sistema financeiro digital.
O
disfarce do “comércio justo”
Sob
o pretexto de investigar práticas desleais, o governo dos EUA está, na prática,
protegendo os interesses das suas corporações. A retórica da “livre
concorrência” serve, aqui, como cortina de fumaça para a manutenção de um
império digital. O recado é claro: quando países do Sul Global inovam de forma
autônoma, são imediatamente enquadrados como “ameaças comerciais”.
O
caso é similar ao que ocorreu com a Indonésia e seu sistema QRIS — também alvo
de investigação americana. Ou seja: não é o Pix em si, mas o princípio que ele
representa: um sistema tecnológico público, gratuito, eficiente e fora do
controle do capital estrangeiro.
O
que isso revela sobre o cenário geopolítico digital
- As
big techs atuam como braços empresariais do poder político dos EUA.
- Sistemas
tecnológicos autônomos no Sul Global são vistos como perigosos.
- A
retaliação se dá por meio de sanções econômicas e pressões regulatórias.
- O
Brasil está no centro de uma disputa entre tecnologia como serviço público
e tecnologia como mercadoria privatizada.
Nossa
resposta deve ser política e estrutural
Este
episódio não pode ser tratado como uma “briga de mercado”. É um ataque à
soberania brasileira. Não apenas ao Banco Central, mas ao povo que usa o Pix
para pagar, receber, empreender e sobreviver.
É
hora de transformar essa ofensiva em trincheira de mobilização:
- Reafirmar
o Pix como bem público e estratégico.
- Ampliar
a infraestrutura digital pública e soberana.
- Investir
em soberania tecnológica como política de Estado.
- Articular
alianças com outros países do Sul Global que enfrentam a mesma pressão.
O
Pix é nosso, my friend — mas a luta pela soberania digital também precisa ser
O
Brasil precisa olhar para além das tarifas. O que está em jogo é a capacidade
de decidir seu próprio futuro tecnológico, sem submissão aos interesses das
plataformas, nem aos caprichos das potências que ainda tratam nossos países
como colônias digitais.
Essa
investigação é um alerta. Que ela sirva também como um convite à resistência, à
imaginação e à criação coletiva de um mundo digital justo, público e nosso.
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