NOTA PÚBLICA: EM DEFESA DA HISTÓRIA VIVA DA LUTA ANTIRRACISTA EM SUZANO
A chamada “1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Suzano”, convocada para o dia 17 de maio de 2025 sob o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, carrega em seu título uma grave tentativa de apagamento histórico das lutas travadas pelo movimento negro organizado no município nas últimas décadas.
Entre os anos de 2005 e 2012,
Suzano esteve na vanguarda da promoção da igualdade racial, sendo uma das
primeiras cidades do Alto Tietê a realizar conferências municipais em sintonia
com o Governo Federal, com ampla participação dos movimentos negros, culturais
e sociais. Desses encontros nasceram propostas e delegados que atuaram
diretamente nas esferas estadual e nacional, contribuindo para a formulação da
Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR).
Suzano também foi pioneira na
região ao oficializar o dia 20 de novembro como feriado municipal, reconhecendo
o Dia da Consciência Negra como data de resistência, memória e reparação. Esses
marcos são frutos de uma luta coletiva que não pode — e não deve — ser
obscurecida por um discurso institucional que, ao se pretender inaugural,
silencia e omite intencionalmente o acúmulo construído pelas comunidades negras
organizadas do território.
Não se trata de negar a
importância da conferência de 2025, especialmente por sua vinculação à 5ª
CONAPIR, mas de denunciar a tentativa de instrumentalização política do
processo por parte de um governo municipal composto por forças conservadoras,
com forte influência de partidos como o PL, que historicamente se opuseram às
pautas da igualdade racial e agora tentam se apropriar da linguagem da
reparação sem compromisso real com sua prática.
É fundamental afirmar: não há
reparação sem memória, e não há justiça racial sem protagonismo negro.
IIL – Instituto Ideias no Lugar
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