Em resposta aos Ratos Gordos de Santa Isabel

Por Claudio Domingos Fernandes

Em solidariedade ao amigo Pe. Gabriel Bina e em respostas aos ratos gordos de Santa Izabel, que têm medo da disputa política de forma inteligente e ética.

Confabulações de um urubu literato 

Sou um Sarcoramphus papa, singelamente conhecido como Urubu Rei. 
Nomes humanos. Embora imponente no nome, não encontro simpatia entre alguns humanos que tendem a me relacionar a aqueles entre eles de visão “negativa” ou “reduzida”. 

O meu imponente nome é devido minha exuberante coloração, presente principalmente na cabeça. E aqueles que me atribuem uma figura triste, talvez não saibam que sou um importante higienizador do meio ambiente. Eu me alimento de animais mortos, muitas vezes acometidos de doenças que poderiam atingir os humanos. Com este meu refinado habito alimentar, elimino matérias orgânicas em decomposição e ajudo a controlar a disseminação de epidemias. Acredito ser meu habito alimentar o motivo que faça alguns humanos criarem-me uma imagem negativa, outro motivo talvez seja o forte cheiro que exalo quando de barriga cheia. 

Por estes dias tem chovido muito, e para mim que me abrigo em copas de árvores, são dias incômodos. Depois, tenho uma asa caída, por descuido me resvalei num aeroplano, isto prejudica um pouco o meu vôo e, portanto, a possibilidade de encontrar alimento. Aqui então em minha copa de árvore, esperando que a chuva atenue, assim como a dor que sinto na asa, fico a confabular: “Como um ser humano pode ver o mundo através de meus olhos e julgar-me pessimista?”. Este e tantos outros termos (feminista, homofóbico, machista, racista, idealista...) cabem apenas aos humanos, que os cria, para se dizerem e ao mesmo tempo se protegerem de si mesmo. 

Um entre eles disse faz algum tempo que o humano só pode falar de Deus de três modos: de forma hiper-positiva (é o sumo bem), de forma negativa (não é isto ou aquilo), e por analogia (é como tal ou qual...). Penso que o mesmo serve quando os humanos falam da realidade e de si mesmos. Estão sempre circulando entre uma destas formas. Mas da mesma forma como um dia chegaram à conclusão de que Deus não existe, porque não sabem qual o modo certo de dizê-lo, negam também a existência de si próprios e da realidade, por não saberem dizê-las. 

Como eu não preciso da linguagem para existir ou deixar de existir Sou: Apenas Sou. 

Texto presente em meu recem lançado livro: VACUOS MUNDI

Claudio Domingos Fernandes é filósofo e Teólogo.

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