Suzano-SP o necrotério da política de cultura.



A promoção e preservação do teatro e das artes em geral não devem ser consideradas apenas como luxos, mas como investimentos essenciais no enriquecimento da comunidade, na construção de uma identidade cultural sólida e na promoção de uma sociedade mais conectada e consciente. O teatro como expressão e produção artística que reflete a cultura geral e local de uma cidade proporciona um espaço para a representação e o diálogo cultural, desempenha um papel significativo na preservação da história e na expressão da identidade de uma comunidade.

Nos causa indignação e, particularmente, é muito doloroso quando uma instituição cultural, que desempenhou um papel vital na comunidade ao longo de 28 anos, se vê obrigada a partir devido a adversidades políticas e resistências a mudanças. O relato dos artistas reflete não apenas a despedida do teatro em si, mas também uma reflexão sobre os desafios enfrentados e a resistência à tirania política.

Eu e uma trabalhadora da limpeza das ruas. Praça dos Expedicionários em Suzano. Foi numa tarde de sábado intervindo com a cidade. Eu e mais de 80 aprendizes saímos às ruas para fazer um rito de passagem. Cheguei naquele ano com 23 anos...
Eu... uma pequena semente que mal cabia nas mãos. Raízes e ramificações buscaram se abrir. Vieram flores, frutos e novas árvores. Houve tempos de colheita em que distribuímos alimento. E tempos difíceis... de seca... de fome... de quase morte... Houve tempos em que tivemos que fazer a poda para nos manter vivos... Nossas raízes profundas ajudaram a esta cidade de concreto a se regenerar... a suportar a mediocridade e o conservadorismo... Fomos um bioma... vivo... uma pequena reserva... que deveria ser protegida...
Este ano ímpar em nossas vidas nos fez tomar uma decisão histórica para não dobrar os joelhos à tirania política. Expulsos por pessoas que lutaram ao nosso lado. Expulsos porque durante o trajeto resolvemos criar mudanças em nós mesmos... Sei que iremos nos recompor, que logo estaremos firmes na caminhada, mas sinto uma profunda dor...
Estou em silêncio neste dia de hoje... Não tenho muito a dizer.... Sinto tristeza, raiva, indignação... quieto... Me despedindo...
Diz o arauto: “Todos os que não seguem o Rei e suas ideias medievais serão punidos, expulsos ou queimados em praça pública!” (...) Os capitães do mato irão fazer o serviço sujo de escravizar os seus... Por dinheiro alguns se calarão... por medo outros fecharão os olhos... por tristeza outros fecharão as portas... 
Me despeço sabendo que houve momentos em que cometi erros, que não fui perfeito. Mas me despeço em um tempo em que resolvi olhar o horizonte e deixar de ser o centro... Deixar outras vozes, outros corpos, outras cores, outros dias serem a voz plena dos Contadores de Mentira...
(Cleiton)

A referência ao arauto que proclama a punição àqueles que não seguem as ideias medievais e a alusão aos capitães do mato são metáforas fortes que ressoam com questões mais amplas de resistência, diversidade de pensamento e a luta contra opressões. É importante destacar a importância do papel do teatro e de espaços culturais como "Contadores de Mentira" na resistência e na promoção de ideias progressistas. O envolvimento da comunidade, líderes culturais e a conscientização da sociedade podem ser cruciais para enfrentar essas dificuldades e preservar espaços tão valiosos para a expressão artística e a diversidade cultural.

Esperamos que, no futuro, a cidade de Suzano volte a  reconhecer a importância desses espaços culturais e trabalhar para criar um ambiente mais acolhedor e sustentável para as manifestações artísticas, respeitando a diversidade de ideias e promovendo o diálogo e a compreensão. Tem Luta. Sigamos!!

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