Direito e Justiça são parcelas da Liberdade


Quem viveu 2023 pôde provar e verificar que a humanidade realmente é resiliente, se as baratas tivessem consciência de seu mundo e do que são, provavelmente teriam sucumbido neste período.

Foi possível viver o presente, o futuro e o passado com tanta intensidade que 2023 pode ser definido como a verdadeira máquina do tempo.

Fatos e conquistas magníficas demonstraram de modo inequívoco como o gênio humano é poderoso e capaz, mas por outro lado, nossa insignificância biológica, astrofísica e histórica está muito longe de ser percebida pela grande maioria dos seres humanos. Somos presas fáceis de nós mesmos e deixamos de dar conta de elementos óbvios que são fundamentais para o animal político que somos.

Podemos observar, com tremenda admiração, as conquistas espaciais, as descobertas e novas lógicas e práticas computacionais, o avanço da ciência em todas as áreas do conhecimento que nos deixam perplexos e apaixonados por essa odisseia que nos permite construir o futuro em um minuto, como se tivéssemos vivendo o  instante seguinte sem antes abandonar o momento que o instante que estamos vivendo e respirando que ainda acontece.

Porém quando vemos as manchetes de 1966 podendo serem reeditadas com relação as guerras no oriente médio retomadas por Israel e o Hamas, a guerra da OTAM contra um Pacto de Varsóvia rompido e não mais existente por conta da terra de Wladimir Lenin, mas reestabelecendo as mesmas consequências nefastas da guerra fria, o massacre do povo palestino, a tentativa de nova colonização da África e os ataques contra as frágeis democracias da América Latina e do Caribe, tudo isso nos enche de vergonha, de melancolia e apreensão.

Para dar conta de tudo isso e continuarmos nossa caminhada por este planeta ou pelo sistema solar e a via láctea, devemos não esquecer da lição de casa que nestes últimos 2023 anos conseguimos fazer e desenvolver. Livres da razão pura e da necessidade e o poder de julgar, permanece a necessidade de colocarmos as ideias no lugar e resgatar o básico de nossa consciência, que para perder o predicado, precisa ser consciência de classe, e sendo consciência de classe superar esta relação social absurda, desumana, excludente, cruel, negacionista e assassina, criando as  condições objetivas para a superação do capitalismo que agoniza, desde 2007,  vivendo sua maior onda de crise desde 1929. 

Sem esta percepção de classe o "ser" nunca será superior ao "ter" e o humano sempre será inferior ao próprio humano que oprime e violenta. Os livros religiosos, em sua maioria, no tatear da busca por compreensão, apontam e mostram tragédias que pertencem à própria tradição de morte que ainda não superamos. 

O Mito de Caim  e Abel, em particular, é uma denúncia eficiente, na tradição judaico/maometana/cristã que narra o primeiro assassinato ocorrido na humanidade,  demonstrando a necessidade de autoconhecimento, de parceria, tolerância e amor entre os irmãos, sejam de sangue ou não. 

Na base da opressão, seja ela de qual tipo for, econômica, racial, imperialista, religiosa, social, psicológica, geracional ou de gênero, está a ausência de direitos e de justiça à pessoa humana e ao ambiente que vivemos e dos viventes nele presente, ampliando assimetrias e aprofundando a luta de classes.

E quando falta direito e justiça, a primeira cousa que vai "pro vinagre" é a nossa liberdade enquanto sujeitos e protagonistas de nossa caminhada e de nossas ações. "Sem liberdade nada pode existir". (Walt Whitman).

Casa que  falta pão, todo  mundo briga e ninguém tem razão e a coisa mais horrível é brigar por causa de mistura. 

Neste sentido a lição que 2023 nos deixa é o entendimento que nossa tarefa de busca por justiça pra valer permanece e nossa humanidade somente será plena quando pudermos exercer, sem ódio e também sem medo, a liberdade de poder ser aquilo podemos e devemos.

Salve 2024, que venha em formato de tempo ou de máquina, nossa resiliência já deu demonstrações reais que temos capacidades de construir e permanecer na revolução. Sigamos!!
 

Comentários

Cissa disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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