A fala como instrumento de luta e o silêncio como gesto de poder

No campo da política, especialmente na política feita pelo povo e para o povo, a fala é uma das principais ferramentas de transformação. É por meio da palavra que denunciamos injustiças, que construímos sentidos coletivos, que organizamos a ação e fortalecemos a luta.

A fala — quando está conectada à vivência, à consciência e ao projeto político — não é apenas expressão individual. Ela se transforma em ferramenta coletiva, instrumento de disputa simbólica e ponte para a construção de alianças.

É por isso que, no campo popular, a escuta e a fala andam juntas. Quem fala precisa saber de onde fala. Quem escuta, precisa reconhecer o valor de cada voz. E não são todas as vozes que têm o mesmo peso na luta por justiça social.

Quando uma pessoa negra, indígena, periférica ou uma mulher assume o protagonismo político, ela carrega o poder de falar a partir da dor, da experiência concreta e da resistência cotidiana. Esse é o chamado “lugar de fala”. Não se trata de privilégio, mas de legitimidade. Porque quem sente na pele as violências do racismo, do machismo, da pobreza ou da exclusão, fala de um lugar onde a política é vivida com o corpo inteiro.

Mas atenção: nem toda fala potente precisa ser longa. E nem todo silêncio é ausência. Em certos momentos, quando tudo já foi dito e nada mudou, o silêncio pode ser um grito poderoso. Pode ser um gesto de liturgia política. Um testemunho vivo.

Porque o silêncio, quando vem de quem carrega o lugar de fala, pode ensinar mais do que mil discursos. Ele convoca a escuta. Obriga os outros a olharem. Denuncia pelo vazio. E anuncia pela presença.

Assim, falar é importante. Saber a hora de silenciar também. E ambos — fala e silêncio — podem ser revolucionários, se forem guiados pela consciência crítica, pelo compromisso com o povo e pela coragem de transformar o mundo.

Tem  luta!

Sigamos!!


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