A Revolução como Realidade Viva
O Bem Viver e a Dinâmica Natural das Coisas e Relações
A
ideia de revolução permanente, fundamentada na tradição histórico-materialista,
nos ensinamentos filosóficos de Aristóteles e na filosofia crítica, convida a
pensar a transformação como uma força constante da existência. Esse
entendimento transcende as fronteiras do humano e adentra a dinâmica do cosmos,
ecoando desafios contemporâneos como os propostos pela astropolítica e pela
astrobiologia. A partir desse contexto, o conceito de bem viver emerge
como uma ferramenta pedagógica poderosa para compreender a relação entre
mudança e estabilidade, e sua importância no processo revolucionário.
O
Bem Viver como Resposta Revolucionária
O bem
viver, oriundo das cosmovisões indígenas da América Latina, propõe uma
relação harmônica entre os seres humanos, a natureza e o cosmos. Ele rejeita a
lógica linear e acumulativa do progresso ocidental e abraça a interdependência,
o respeito à diversidade e a busca por justiça. Ao conectar esse conceito à
revolução permanente, encontramos um eixo mobilizador para repensar nossas
relações sociais, políticas e ecológicas.
A
revolução, nesse sentido, não é apenas um evento político, mas um processo
contínuo de adaptação e transformação. Assim como Aristóteles afirmou que o
movimento está na essência das coisas, o bem viver sugere que
o equilíbrio real não é estático, mas dinâmico, fundamentado na capacidade de
resolver contradições de forma justa e sustentável.
A
Dinâmica Natural e a Lógica Revolucionária
Na
astropolítica e na astrobiologia, percebemos que o universo é movimento.
Estrelas nascem e morrem, galáxias se transformam, e mesmo a vida na Terra é
fruto de bilhões de anos de evolução. Essa perspectiva cósmica reforça que a
estabilidade absoluta é uma ilusão. A harmonia, tanto no cosmos quanto na
sociedade, não se dá pela ausência de mudança, mas pela capacidade de integrar
movimento e adaptação em um processo contínuo.
A
tradição histórico-materialista nos ensina que as contradições internas das
relações sociais impulsionam a transformação. Da mesma forma, o bem
viver nos alerta para as contradições entre o modelo de
desenvolvimento atual — que exaure recursos naturais e aprofunda desigualdades
— e as necessidades de um equilíbrio planetário.
Revolução
e Bem Viver: Uma Visão Pedagógica
Para
compreender a revolução como realidade viva, é essencial olhar para o bem
viver como um ponto de partida. Ele nos oferece elementos práticos e
simbólicos para:
- Reinterpretar
Estabilidade e Mudança:
A estabilidade não é o fim da transformação, mas sua gestão harmoniosa.
No bem viver, o equilíbrio é alcançado ao respeitar os ciclos
naturais e os direitos de todos os seres vivos.
- Enfrentar
Resistências à Mudança:
Aqueles que resistem à revolução frequentemente idealizam uma estabilidade
ilusória. O bem viver demonstra que o verdadeiro
equilíbrio só é possível pela interação dinâmica entre sujeitos, recursos
e natureza.
- Unificar
Saberes e Práticas:
A revolução é tanto um movimento material quanto espiritual. Incorporar
saberes ancestrais, como o bem viver, e conectá-los às teorias
críticas e científicas amplia nossa capacidade de interpretar e agir no
mundo.
- Resgatar
o Coletivo:
O bem viver se opõe à visão individualista e utilitarista
do progresso. Ele nos lembra que a felicidade individual está ligada ao
bem-estar coletivo e ao respeito à teia de relações que sustenta a vida.
O
Bem Viver no Movimento Revolucionário
A
revolução permanente não é apenas uma estratégia política, mas uma filosofia de
vida. Compreender o bem viver como um elemento mobilizador
desse processo nos permite integrar os desafios do nosso tempo — das crises
ecológicas à exploração do trabalho, da exploração espacial às novas
tecnologias — em uma visão mais ampla e coerente.
Assim,
a revolução deixa de ser um ideal distante e se torna uma prática cotidiana: a
busca contínua por uma vida digna, que respeite o movimento natural das coisas
e as relações que nos sustentam. O bem viver nos ensina que, para transformar o
mundo, precisamos primeiro entender que estamos em constante transformação,
conectados ao movimento do universo e à história.
Neste
sentido permanece o desafio de entender como as gerações atuais podem aprender
com as revoluções passadas sem repetir erros ou cair em ilusões de uma
transformação já realizada?
De
que forma as novas tecnologias e as crises ambientais reconfiguram as tarefas
das gerações na luta por um mundo mais justo?
Tem
Luta!
Sigamos!
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