O Crescimento da Direita e o Desafio do Campo Progressista em Suzano: Lições para a Resistência e a Transformação

O crescimento da direita e da extrema direita em espaços de poder no Brasil e no mundo é uma realidade que precisa ser analisada com cuidado. Mesmo após a eleição de um governo de coalizão liderado pelo presidente Lula e pela Frente Ampla, os desafios permanecem. No âmbito local, como na cidade de Suzano-SP, essa realidade se revelou de forma ainda mais contundente, com a reeleição de um governo que desviou, se corrompeu e descontruiu políticas públicas essenciais, como saúde e educação, elegendo seu sucessor com mais de 80% dos votos.

Diante desse cenário, mesmo com a criação do Programa Suzano 50 pelo campo progressista, que propôs um projeto de transformação social profundo, as estruturas de ódio, preconceito e desinformação ainda sustentam um regime conservador e opressor. É fundamental entender como a extrema direita consegue ocupar e consolidar esses espaços, mesmo com claros desvios e atos de corrupção, e refletir sobre como podemos fortalecer as bases populares para oferecer uma resposta diferente.

Um Governo Corrupto que Ganhou as Eleições: Como Entender?

A primeira questão que precisamos encarar é como um governo, que desviou milhões de recursos públicos e desmantelou políticas sociais essenciais, conseguiu reeleger seu sucessor com tamanha margem de votos. Não se trata apenas de uma questão de apelo populista ou marketing político; estamos lidando com um fenômeno mais complexo, que envolve:

  • A manipulação da desinformação e o controle da narrativa: O uso estratégico de desinformação, fake news e uma máquina de comunicação que instrumentaliza a mídia local para reforçar uma narrativa de “eficiência” ou de supostos “valores tradicionais”.
  • O apelo a discursos conservadores: Mobilização de discursos de ódio e preconceito para fortalecer a polarização social e desviar a atenção das falhas e atos de corrupção.
  • A fragilidade da organização popular e da educação política: A falta de acesso a uma educação política crítica e a um espaço aberto para o diálogo sobre as verdadeiras causas da desigualdade e da opressão.

O Papel das Teologias da Libertação, Decolonial, Queer e do Materialismo Histórico-Dialético

Para enfrentar esse cenário, é necessário que o campo progressista aprofunde suas estratégias de mobilização e conscientização popular. Nesse sentido, as teologias da libertação, decolonial, queer e o materialismo histórico-dialético desempenham um papel crucial na construção de uma capacidade de avaliação política crítica e na formação de uma resistência eficaz contra o conservadorismo opressor.

Teologia da Libertação: Reacendendo o Compromisso com os Oprimidos

A Teologia da Libertação nos ensina a importância de uma opção preferencial pelos pobres e de um compromisso com a justiça social. Em Suzano, onde o campo conservador perpetua políticas que prejudicam os mais vulneráveis, é essencial que a teologia da libertação seja uma força orientadora para reafirmar a dignidade de cada pessoa e desafiar as estruturas que causam opressão.

Teologia Decolonial: Desafiando a Colonialidade do Poder e do Saber

A Teologia Decolonial é fundamental para questionar as narrativas que perpetuam a exclusão e a dominação. Ela ajuda a revelar como as elites conservadoras em Suzano mantêm seu poder por meio da colonialidade do saber, promovendo preconceitos raciais e culturais como parte de seu projeto de controle. Um projeto de transformação progressista precisa, então, desafiar essas estruturas coloniais e valorizar a diversidade e a história da população local.

Teologia Queer: Ampliando as Fronteiras da Inclusão

Diante de políticas que promovem abertamente discursos de ódio contra pessoas LGBTQIA+, a Teologia Queer oferece uma visão de espiritualidade inclusiva e de respeito à diversidade. Ela se torna uma ferramenta poderosa para contestar a agenda conservadora e para mobilizar apoio a políticas públicas que protejam e valorizem todas as formas de existência e identidade.

Materialismo Histórico-Dialético: Entendendo as Estruturas de Poder e Exploração

O Materialismo Histórico-Dialético nos permite enxergar as relações de poder e de exploração que sustentam a dominação política e econômica em Suzano. A análise marxista ajuda a entender como o governo conservador consegue manter o apoio popular ao manipular relações de trabalho, exploração e clientelismo político, oferecendo respostas ilusórias para problemas estruturais.

Fortalecer a Apropriação Popular: O Caminho para a Transformação

Para que o campo progressista possa enfrentar o avanço conservador e propor uma nova direção para Suzano, é necessário promover uma apropriação popular dos princípios e métodos dessas teologias e do materialismo histórico-dialético. Isso envolve:

  • Investir em educação política que não se limite a reproduzir discursos, mas que capacite a população a fazer análises críticas de sua realidade.
  • Promover o diálogo aberto com movimentos sociais, religiosos e culturais, acolhendo as experiências e lutas de todos os grupos marginalizados.
  • Fortalecer as redes de solidariedade e resistência, unindo trabalhadores, minorias raciais, juventude e movimentos LGBTQIA+ em torno de um projeto comum de justiça e igualdade.

Conclusão: O Desafio de Construir um Novo Caminho

A reeleição de um governo corrupto em Suzano com mais de 80% dos votos é um sinal de alerta de que o campo progressista precisa rever suas estratégias e fortalecer sua capacidade de mobilização popular. A desinformação, o preconceito e o controle das narrativas não podem ser enfrentados apenas com discursos bem-intencionados, mas com ação concreta e formação crítica da população.

As teologias da libertação, decolonial, queer e o materialismo histórico-dialético oferecem ferramentas para entender e resistir ao conservadorismo opressor. Apropriá-las é o primeiro passo para construir um novo projeto de sociedade, onde a justiça, a igualdade e o respeito à diversidade sejam valores inegociáveis.


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