A Educação e a Luta Contra a Opressão: Reflexões para Suzano e o Brasil
O momento que vivemos em Suzano exige reflexão profunda sobre os rumos da educação pública. A recente notícia do fechamento de 77 salas de aula pela administração local, enquanto o número de escolas particulares cresce, revela uma tendência preocupante: o desmantelamento progressivo da educação pública e a promoção de um sistema que beneficia aqueles que podem pagar por seus estudos. Este é um reflexo claro das políticas neoliberais que, ao priorizarem o lucro em detrimento do bem-estar social, acabam reforçando as desigualdades.
Nesse contexto, é fundamental entendermos os mecanismos que sustentam essa realidade e como ela afeta diretamente a comunidade escolar oprimida e a juventude. Para isso, podemos nos apoiar em dois importantes pensadores: Jessé Souza e Paulo Freire, cujas ideias oferecem uma leitura crítica sobre o que está acontecendo em Suzano e no Brasil.
O Pobre de Direita e a Pedagogia do Oprimido: Um Diálogo Necessário
Em seu recente livro, O Pobre de Direita: A Vingança dos Bastardos, Jessé Souza explora como as classes populares são levadas a apoiar políticas que, muitas vezes, atuam contra seus próprios interesses. Segundo Souza, isso se dá através de um processo de alienação moral, racial e simbólica, onde o racismo e o conservadorismo moral são manipulados para desviar o foco das reais causas da pobreza e da exclusão. Esse mecanismo é fundamental para entender por que setores vulneráveis da sociedade muitas vezes apoiam políticas neoliberais que desmantelam direitos, como o acesso à educação pública de qualidade.
Paulo Freire, em sua clássica obra Pedagogia do Oprimido, nos mostra que os oprimidos, quando submetidos à ideologia dominante, muitas vezes internalizam a visão do opressor e reproduzem valores que perpetuam sua própria opressão. Freire acredita que a conscientização é o caminho para a libertação — um processo que só é possível através da educação transformadora, aquela que desperta a capacidade crítica das pessoas para entenderem e enfrentarem os mecanismos que as oprimem.
A convergência entre Souza e Freire é clara: o enfrentamento à opressão, seja ela econômica, racial ou moral, depende da capacidade de reconhecer as estruturas que perpetuam essa realidade. E a educação pública, neste contexto, é a principal ferramenta para essa conscientização. Quando o governo de Suzano fecha salas de aula, ele não está apenas limitando o acesso ao ensino, mas também restringindo a possibilidade de que milhares de crianças e jovens desenvolvam uma consciência crítica sobre a sociedade em que vivem.
A Importância do Programa Suzano 50
Diante dessa realidade, o Programa Suzano 50 se destaca como uma resposta urgente e necessária. Este programa, construído com base no compromisso com a equidade social e a justiça, tem como um de seus principais eixos a defesa de uma educação pública forte e inclusiva. O programa reconhece que a educação não é apenas um direito, mas também uma ferramenta de transformação social. Propõe o fortalecimento das escolas públicas, a ampliação do acesso à educação de qualidade e a garantia de que todas as crianças e jovens possam se desenvolver plenamente, independentemente de sua classe social.
Além disso, o Suzano 50 vai além ao propor um modelo de educação que esteja alinhado com as necessidades da comunidade local, integrando educação e cultura, e promovendo uma formação cidadã que prepare a juventude para enfrentar os desafios do futuro. Isso significa garantir que a educação pública não seja desmontada em favor de interesses privados, mas, ao contrário, seja ampliada e fortalecida.
Juventude e Comunidade Escolar: O Papel da Resistência
Nesse processo, a juventude organizada e a comunidade escolar oprimida desempenham um papel crucial. A conscientização e a mobilização dessas forças sociais são essenciais para resistir ao avanço das políticas neoliberais que buscam desmantelar a educação pública. Inspirados por Freire, devemos entender que a transformação só é possível se aqueles que sofrem as consequências da opressão se tornarem protagonistas da luta pela mudança.
A juventude organizada precisa se apropriar do debate sobre a educação, questionar as decisões que afetam diretamente seu futuro e se envolver ativamente na construção de alternativas. A luta contra o fechamento de salas de aula e a privatização do ensino deve ser entendida como uma luta pela própria sobrevivência e pelo direito de sonhar com um futuro diferente.
Conclusão: A Construção de uma Nova Hegemonia
A situação em Suzano reflete uma realidade maior que afeta o Brasil como um todo. A lógica neoliberal, que valoriza o lucro em detrimento do bem-estar das pessoas, está avançando sobre direitos fundamentais, como a educação. No entanto, como nos ensinam Jessé Souza e Paulo Freire, esse processo não é inevitável. A conscientização, a educação crítica e a mobilização são as ferramentas que temos para resistir e construir uma nova hegemonia, baseada na justiça social e na equidade.
O Programa Suzano 50 é um exemplo concreto de que outra realidade é possível. Ao propor o fortalecimento da educação pública e a integração da juventude e da comunidade escolar no processo de transformação social, o programa oferece uma visão de futuro que vai além da lógica mercantilista e coloca a vida e a dignidade das pessoas no centro do debate.
Agora é o momento de todos nós — juventude, professores, pais, trabalhadores — nos unirmos para defender a educação pública e lutar por uma sociedade mais justa e solidária. O futuro de Suzano e do Brasil depende de nossa capacidade de resistir e construir alternativas ao modelo excludente que nos é imposto.
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