Quando a Análise Vira Diálogo: o Blog em Conversa com a Cidade
Há momentos em que o pensamento deixa o papel e ganha voz no mundo. Foi o que aconteceu recentemente, quando um dos textos publicados em nosso blog — Análise Epistemológica da Notícia — atravessou as fronteiras da tela e se tornou tema de debate entre leitores atentos.
Tudo começou com a constatação simples, porém grave: a manipulação da notícia travestida de jornalismo. Um leitor, ciente da sutileza desse jogo, escreveu:
“Embora não seja mentira, isso passa de uma simples informação, que é pública, para uma propaganda.
Isso é um método.
Infelizmente os jornais locais para sobreviverem se prestam a esse papel.”
Essa frase poderia muito bem servir de epígrafe para toda uma época. Reconhecer que há método na manipulação é reconhecer que o discurso — quando destituído de ética — torna-se instrumento de poder. É perceber que a notícia, antes espelho da realidade, pode ser usada como cortina.
A resposta, publicada ali mesmo na conversa, tentou recolocar a razão e o afeto no mesmo campo de luta:
“Os jornais locais abrem mão de seu papel principal, que é informar e elaborar a crítica social, e se permitem transformados em pena de aluguel, serem a caixa de ressonância dos detentores do poder. Isso é um sintoma grave de uma fissura social que deve ser combatida. Acredito na razão e na sensibilidade humana. Passado esse período de pandemia e o advento da massificação dos meios de comunicação, nosso debate pode ser uma semente que venha a florescer e fortalecer nossa capacidade de pensar e partilhar nossas análises.”
Foi o instante em que a análise virou diálogo — e o blog, sem perder sua vocação crítica, tornou-se espaço de escuta, lugar de travessia entre o pensamento e a experiência viva.
O episódio revela algo essencial: o pensamento só cumpre seu papel quando volta a circular pela cidade, quando encontra nos leitores o reflexo da mesma inquietação que o gerou. E é nesse espelho do diálogo que o método se humaniza, que a epistemologia ganha corpo político, e que o conhecimento deixa de ser propriedade para se tornar comunhão.
Afinal, não há verdade que se sustente sozinha. Há, sim, comunidades de sentido — e quando elas florescem, nasce também uma nova forma de jornalismo: o jornalismo que pensa, que sente, e que conversa com a cidade.
Sigamos!!
Comentários