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Mostrando postagens de 2025

A saúde que começa pela boca: um papo com quem cuida da saúde bucal..

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A saúde é um patrimônio coletivo. Vai além do bem-estar individual: constitui-se na qualidade das relações que atravessam corpos, territórios e tempos. Pessoas saudáveis constroem comunidades saudáveis. E comunidades saudáveis são aquelas que cuidam umas das outras, em todas as suas dimensões — do invisível ao evidente, do íntimo ao estrutural. Pensar a integralidade da saúde é reconhecer que ela habita cada célula, cada gesto e cada vínculo. Ela pulsa na circulação da água, na qualidade do ar, no silêncio das madrugadas e nas cozinhas das casas populares. Está no alimento que se escolhe — ou que falta — e nas pequenas dores que se acumulam sem escuta. Uma abordagem verdadeiramente popular da saúde pública precisa, portanto, partir da vida concreta e de suas encruzilhadas históricas. É preciso recuperar uma percepção integral da saúde, que nos permita não apenas identificar desafios, mas também construir prioridades compartilhadas, qualificar a gestão e tornar o orçamento público uma...

Graça, humana ou divina: entre a luta e o impossível!

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“Se a graça é divina, ótimo. Ela é abundante e permanente se divino for. Pois a vida é permanente, o mundo é permanente, o universo é também, pois aqui na Terra tem água, tem ar, tem gente, tem consciência…” …Mas tem a graça, que pode ser divina, a graça que pode e deve ser abundante para ter graça na vida e construir a consciência, construir o entendimento — com a graça.” Pois tudo passa. A graça permanece. Pode até ser divina. Mas humana — sei que é.” Em que lugar da história habita a graça? Em que corpo ela se encarna? E, mais ainda, como reconhecer sua presença — não como um dom celestial, mas como uma força concreta que atravessa a vida dos povos em luta? Vivemos num tempo em que o mercado sequestra até a linguagem do sagrado, transformando a espiritualidade em produto, o cuidado em algoritmo e o gesto solidário em moeda de troca. Mas mesmo diante da avalanche de coisificação da vida, ainda há algo que escapa. Há algo que insiste. Algo que resiste. Algo que, talv...

A fala como instrumento de luta e o silêncio como gesto de poder

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No campo da política, especialmente na política feita pelo povo e para o povo, a fala é uma das principais ferramentas de transformação . É por meio da palavra que denunciamos injustiças, que construímos sentidos coletivos, que organizamos a ação e fortalecemos a luta. A fala — quando está conectada à vivência, à consciência e ao projeto político — não é apenas expressão individual . Ela se transforma em ferramenta coletiva, instrumento de disputa simbólica e ponte para a construção de alianças. É por isso que, no campo popular, a escuta e a fala andam juntas . Quem fala precisa saber de onde fala. Quem escuta, precisa reconhecer o valor de cada voz. E não são todas as vozes que têm o mesmo peso na luta por justiça social. Quando uma pessoa negra, indígena, periférica ou uma mulher assume o protagonismo político, ela carrega o poder de falar a partir da dor, da experiência concreta e da resistência cotidiana . Esse é o chamado “lugar de fala”. Não se trata de privilégio, mas de legitim...

O Ataque ao Pix é um ataque à soberania Tecnológica Brasileira

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No dia 15 de julho de 2025, o governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O motivo alegado? Práticas supostamente desleais. O alvo implícito? O Pix, sistema de pagamento eletrônico gratuito, instantâneo e universalmente adotado no Brasil. Essa movimentação do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) escancara um conflito de interesses que vai muito além do comércio internacional: trata-se de uma ofensiva política e econômica contra a autonomia tecnológica brasileira. O que está em jogo: a disputa por infraestrutura de poder O Pix, com mais de 175 milhões de usuários e responsável por R$ 2,6 trilhões em transações só em abril de 2025, se consolidou como uma infraestrutura nacional essencial, usada por pessoas físicas, pequenas empresas e serviços públicos. É um instrumento de democratização do acesso financeiro — especialmente para os setores populares — que rompe com a lógica de dependênci...

Tecnologia ou dominação? Por que a soberania tecnológica é urgente para a democracia

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Enquanto você lê este texto, as gigantes da tecnologia — Google, Meta e outras — estão gastando milhões para moldar leis, influenciar decisões públicas e proteger seus próprios interesses. Segundo dados divulgados pela BBC, essas empresas gastaram mais com lobby em 2024 nos Estados Unidos do que qualquer outro setor — ultrapassando até mesmo os gastos da indústria bélica e da saúde privada. O que está em jogo não é apenas economia, mas poder político . A pergunta que não quer calar: quem governa a vida digital do nosso tempo? Hoje, os algoritmos que definem o que vemos, o que consumimos e até como votamos são escritos por empresas que não foram eleitas por ninguém . Elas decidem o que pode ou não circular. Controlam nossos dados, moldam nossos desejos, acumulam poder simbólico, político e econômico sem qualquer compromisso com os interesses coletivos. Quando as gigantes do Vale do Silício gastam bilhões para manter o poder, não é apenas sobre negócios. É sobre democracia. A ...

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE A SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTI+ NO ALTO TIETÊ.

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Por PPPlebeu | 25 de julho de 2025 "Nosso corpo não é silêncio. É campo de batalha, é bandeira hasteada, é semente de justiça num chão duro de abandono." – Coletivo MAC – Muito Além da Causa Neste dia 25 de julho, às 18h, o auditório da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes se transforma em palco de uma escuta necessária. A audiência pública sobre a saúde da população LGBTI+ no Alto Tietê não é apenas um evento: é um gesto de reparação histórica, um chamado à dignidade e um ensaio de futuro. A presença da vereadora Inês Paz e do deputado estadual Guilherme Cortez , junto a coletivos como o Fórum Mogiano LGBT+, Frente LGBTI+ de Suzano e tantas vozes insurgentes da região, abre espaço para algo maior: a afirmação de que viver plenamente não é privilégio — é direito. Abrangência: quando o SUS encontra a cor da diversidade A Constituição diz que saúde é para todas, todos e todes. Mas na prática, o acesso pleno e digno da população LGBTI+ aos serviços públicos de saúde ...

Saúde é direito, corpo é território: a luta LGBTI+ no Alto Tietê

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Neste dia 25 de julho de 2025, a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes abre suas portas para uma audiência pública sobre a saúde da população LGBTI+ no Alto Tietê. A atividade, que contará com a presença da vereadora Inês Paz, do deputado estadual Guilherme Cortez e de diversos coletivos e organizações da região, marca mais que um encontro institucional. Ela representa uma oportunidade histórica de afirmar que saúde, para além de um direito universal, precisa ser praticada como escuta concreta, cuidado situado e política de reconhecimento das diferenças. O que está em pauta não é apenas o acesso aos serviços do SUS, mas o direito de existir com dignidade e ser cuidado com respeito — em todos os territórios do corpo e da vida. A Constituição brasileira afirma que saúde é direito de todas, todos e todes. O SUS, sistema de saúde público e universal, já possui diretrizes nacionais que reconhecem a população LGBTI+ como um grupo com demandas específicas, desde a criação da Política Nacional...

Nota Oficial: A Obra da Fatec em Suzano e o Direito à Memória Pública

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Na última semana, diversos veículos locais noticiaram com entusiasmo o “ritmo acelerado” das obras da nova unidade da Fatec em Suzano, prevista para ser entregue ainda este ano. A matéria divulgada pelo portal Fiscaliza Mogi, inclusive, destaca a visita técnica do prefeito Pedro Ishi ao canteiro de obras, acompanhado do ex-prefeito Rodrigo Ashiuchi, do presidente da Alesp André do Prado e do deputado federal Marcio Alvino. A imagem transmitida ao público é de um esforço recente, eficiente e meritório da atual administração municipal. Contudo, para quem conhece a história desta cidade e acompanha de perto as políticas públicas com responsabilidade, é impossível ignorar um dado central que foi simplesmente apagado da narrativa oficial: a obra da Fatec Suzano foi viabilizada ainda em 2010, com a doação do terreno feita pelo então prefeito Marcelo Candido . São, portanto, mais de 14 anos de espera, paralisações e omissões institucionais . O projeto atravessou o governo Tokuzumi, passou...

Crise, contra o fascismo e a favor da esperança: por que a mudança parte das cidades

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Vivemos tempos de travessia. O capitalismo global, em sua fase atual, chega ao limite e destroi a partir de suas próprias entranhas: financeirização desenfreada, destruição ambiental, aumento da pobreza, precarização do trabalho e um modelo de democracia em frangalhos. O sistema produziu riquezas, sim. Mas concentrou tanto poder e renda nas mãos de tão poucos que hoje a conta chegou: Famílias endividadas nos países centrais Trabalhadores empobrecidos nas periferias do mundo Pequenos produtores esmagados por monopólios A terra exausta, o clima em colapso, a vida ameaçada. O capitalismo foi, por séculos, robusto para os que enriqueceram com ele. Mas nenhum sistema social sobrevive de crises eternas. O que estamos vivendo agora é o esgotamento de um modelo que não serve mais à humanidade. O Rancor Virou Moeda Política Diante desse cenário, o fascismo não surge por acaso. Ele é o grito do sistema para tentar manter o controle quando o povo começa a p...

A Crise do Capitalismo, o fascismo e a luta por um mundo igualitário

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Vivemos um tempo histórico marcado pela exaustão do modelo econômico vigente. O capitalismo global , em sua fase de financeirização extrema, transformou o mundo em um gigantesco cassino especulativo, ao mesmo tempo em que destrói as bases materiais da vida e da democracia . Mesmo os países centrais – como os Estados Unidos – veem hoje o aumento da pobreza, o endividamento das famílias e a precarização do trabalho . Os centros do capitalismo, outrora vitrines do consumo, enfrentam uma contradição evidente: o sistema produz riqueza, mas concentra cada vez mais a renda nas mãos de uma minoria parasitária . Essa engrenagem de produzir crises para gerar lucro não é sustentável historicamente. Nenhum sistema social pode sobreviver indefinidamente gerando miséria e devastação ao mesmo tempo em que alimenta crises internas e externas como modo de existência. O Ressentimento como Matéria-Prima do Fascismo Essa realidade social cria um terreno fértil para o avanço de modelos fascistas o...

Mogi pela Palestina: quando a dignidade rompe o cerco

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Por PPPlebeu – Vozes do Comum Há gestos que não cabem no cálculo do possível, mas que se tornam necessários pela urgência da História. Foi isso que aconteceu no ato organizado pelo coletivo Mogi pela Palestina , neste território onde o conservadorismo tenta erguer muros contra a solidariedade internacional e a crítica. Em plena praça, no coração de uma cidade acostumada ao silêncio obediente, vozes se levantaram para dizer o óbvio: está em curso um genocídio, e o Estado de Israel é seu agente principal. Não há como disfarçar a barbárie com retórica diplomática. Não há como fingir neutralidade diante da morte em massa. Um ato de vanguarda no deserto simbólico Mogi das Cruzes não é Tel Aviv, nem Ramallah. Mas a geopolítica da injustiça atravessa cada rua, cada esquina. Quando Gaza é bombardeada, a lógica do massacre reverbera aqui, na militarização das periferias, na repressão contra a juventude preta, na destruição...

Participação Popular: da condição humana ao instrumento de transformação social

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Por que falar de participação popular? Essa é uma pergunta que ganha cada vez mais relevância em tempos de crises políticas, sociais e ambientais. Quando se debate o futuro da democracia, a justiça social ou o acesso aos bens comuns, a participação das pessoas não é apenas desejável — ela é fundamental. A participação como condição natural e histórica Desde os primórdios da humanidade, a vida em sociedade sempre implicou algum tipo de participação coletiva. O ser humano, como já dizia Aristóteles, é um ser político por natureza. Isso significa que viver em grupo, cooperar, disputar ideias e construir acordos são práticas que nos acompanham desde as primeiras formas de organização social. Seja em pequenas comunidades ou em grandes cidades, nada se constrói ou permanece sem o envolvimento das pessoas. Toda organização — pública ou privada, civil ou militar, religiosa ou laica, científica ou tradicional — depende da participação ativa ou passiva de indivíduos e coletivos. Cada pro...

Quando a cidade vira as costas para a mata

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Mogi das Cruzes é uma cidade que cresce. Condomínios surgem, bairros se expandem, asfalto chega. Mas a pergunta é: cresce pra onde e pra quem? E a natureza, cresce junto? Na Estrada Rikio Suenaga , região de chácaras, condomínios e mata atlântica remanescente, o que deveria ser um território de cuidado e proteção virou depósito de lixo. Entulho, sacolas, restos de construção e até resíduos domésticos estão sendo despejados às margens da estrada e, pior, dentro das nascentes que abastecem córregos da cidade. A cada saco preto jogado no mato, uma ferida se abre na terra. A denúncia foi feita in loco, com registros em fotos e vídeos, mostrando o que muitos preferem não ver. Porque é mais fácil não ver. Mas não ver não resolve. Esse cenário é estratégico para Mogi das Cruzes. Estamos falando de um dos últimos corredores ecológicos da cidade, onde o verde resiste à pressão da urbanização descontrolada. Onde a água nasce, onde o solo respira. Deixar esse espaço ser destruído é u...

O Sentido Revolucionário do diálogo frente à distopia bolsonarista

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Vivemos tempos em que o diálogo deixou de ser apenas uma virtude democrática e se tornou um gesto revolucionário. Desde a ascensão do bolsonarismo, o Brasil testemunhou uma radicalização da antipolítica, da violência simbólica e da recusa do outro. O bolsonarismo não foi apenas um projeto de poder, mas uma máquina de destruição do campo do diálogo. Ele transformou a conversa em confronto, o debate em briga, a escuta em zombaria. As palavras deixaram de ser pontes e passaram a ser armas. No lugar do argumento, o meme venenoso. No lugar da reflexão, o ataque. No lugar da escuta, o cancelamento e o silêncio forçado. O bolsonarismo aprofundou uma cultura do ódio onde o outro é sempre um inimigo e nunca um interlocutor. Isso não aconteceu por acaso. O diálogo profundo é uma ameaça real a qualquer projeto autoritário, porque o diálogo obriga a abrir a escuta, a reconhecer a humanidade do outro, a expor as contradições da própria visão de mundo. Por isso, a destruição do diálogo foi uma peç...

A Várzea Chora — e seguimos escutando

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Hoje é 10 de julho de 2025 . Seis meses se passaram desde que, em 27 de dezembro de 2024 , registramos em vídeo, palavras e presença a violência em curso contra a várzea do Rio Tietê , em Suzano. Mas a denúncia permanece viva . Porque o crime não cessou. Porque a terra continua sendo ferida. Porque a água ainda tenta respirar debaixo do entulho. A denúncia é sempre Aquela estaca fincada na beira da várzea — símbolo da especulação, da arrogância, da mentira legalizada — ainda está lá . A placa que prometia “Parque Municipal” segue como engodo , enganação, insulto. Enquanto isso: As nascentes seguem sendo aterradas. A biota, silenciosamente, morre. O povo é afastado do território que lhe pertence por direito ecológico, histórico e simbólico. A várzea chora. E é preciso saber ouvir esse choro . Não se ouve com o ouvido apressado. O choro da várzea é um sussurro encharcado : de sapo, de planta sufocada, de memória ribeirinha, de criança que não v...