Nota Oficial: A Obra da Fatec em Suzano e o Direito à Memória Pública

Na última semana, diversos veículos locais noticiaram com entusiasmo o “ritmo acelerado” das obras da nova unidade da Fatec em Suzano, prevista para ser entregue ainda este ano. A matéria divulgada pelo portal Fiscaliza Mogi, inclusive, destaca a visita técnica do prefeito Pedro Ishi ao canteiro de obras, acompanhado do ex-prefeito Rodrigo Ashiuchi, do presidente da Alesp André do Prado e do deputado federal Marcio Alvino. A imagem transmitida ao público é de um esforço recente, eficiente e meritório da atual administração municipal.

Contudo, para quem conhece a história desta cidade e acompanha de perto as políticas públicas com responsabilidade, é impossível ignorar um dado central que foi simplesmente apagado da narrativa oficial: a obra da Fatec Suzano foi viabilizada ainda em 2010, com a doação do terreno feita pelo então prefeito Marcelo Candido.

São, portanto, mais de 14 anos de espera, paralisações e omissões institucionais. O projeto atravessou o governo Tokuzumi, passou por dois mandatos consecutivos de Ashiuchi e só agora, após mais de uma década, caminha finalmente para sua conclusão.

Dizer que a obra “segue em ritmo acelerado” pode até ser verdade para os últimos seis meses, mas não corresponde à verdade histórica do processo. A omissão deliberada da origem do projeto, sua longa interrupção e os agentes públicos que retardaram sua implementação fere frontalmente o direito do cidadão à informação qualificada, previsto na Constituição Federal e na Lei de Acesso à Informação.

Mais do que uma disputa de vaidades, este episódio revela um método comum na política institucionalizada: apagar o passado, desfigurar o presente e capturar obras públicas como palanque privado. Trata-se de uma tentativa de reescrever a história à luz dos interesses eleitorais.

Nós, do campo popular, não nos opomos à conclusão da obra — pelo contrário, celebramos cada metro quadrado construído em favor da educação pública, gratuita e de qualidade. Mas não nos calamos diante da manipulação simbólica que transforma projetos coletivos em troféus pessoais.

Memória também é política. E o que se constrói sem memória, se repete como engodo.

Suzano precisa de mais do que paredes novas: precisa de verdade, justiça simbólica e projeto de futuro.

Comentários

Anônimo disse…
Verdade. Esse governo tem muita narrativa. Decretou contingenciamento, não explica que o governo estadual diminuiu o repasse de verbas e ainda dá isenção para construtoras.