Defender a APA do Rio Tietê: Contra o Poder Econômico e o Crime Ambiental em Suzano-SP


A luta pela preservação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê, em Suzano-SP, não é apenas uma batalha ambiental, mas um enfrentamento direto contra o poder econômico, a especulação imobiliária e a infiltração do crime organizado no ambiente político. Em 2017, a revisão do Plano Diretor da cidade foi alterada estrategicamente para abrir caminho a um projeto de aterro de resíduos sólidos, mascarando a destruição ambiental com uma capa de legalidade. Esse fato se soma a um conjunto de irregularidades que expõem a urgência de uma mobilização popular e judicial.


1. O Plano Diretor e a fachada de legalidade


O Plano Diretor é a legislação que orienta o crescimento e o uso do solo urbano. Durante a revisão realizada em 2017, a Prefeitura de Suzano alterou as diretrizes de zoneamento da APA do Rio Tietê, reclassificando parte da várzea para permitir atividades incompatíveis com a preservação ambiental.

Essas mudanças atenderam diretamente aos interesses do projeto de aterro, permitindo:

  • Autorização para descarte de resíduos sólidos na APA, contrariando legislações estaduais e federais que proíbem tal atividade em áreas protegidas.
  • Facilitação de futuros empreendimentos imobiliários, com previsão de loteamentos em uma área que deveria permanecer preservada.
  • Legalização da destruição ambiental sob o pretexto de desenvolvimento urbano.

Essa manipulação legislativa foi conduzida sem ampla consulta à população, beneficiando os responsáveis pelo aterro – Mineradora Mogiana e Imobiliária Mediterrâneo – e tornando a APA uma moeda de troca para interesses privados.


2. Crime ambiental e seus agentes


O projeto de aterro é um crime ambiental travestido de legalidade. A aparente conformidade com o Plano Diretor não pode ocultar a destruição que ele representa:

  • Mineradora Mogiana e Imobiliária Mediterrâneo: Utilizam o terreno da APA para lucrar com a disposição de resíduos, desrespeitando sua função ambiental.
  • CETESB: Conivente ao emitir licenças "precárias" e ao impor sigilo ao processo de licenciamento, ignorando as responsabilidades de fiscalização e transparência.
  • Prefeitura de Suzano: Não apenas permitiu, mas reestruturou o Plano Diretor para viabilizar o aterro, favorecendo diretamente interesses econômicos sobre o bem-estar público.

3. O impacto dessas ações no Judiciário

As mudanças no Plano Diretor criaram um obstáculo significativo para a interrupção do projeto no âmbito judicial. Ao incorporar elementos que conferem aparência de legalidade ao aterro, as ações judiciais enfrentam dificuldades adicionais:

  • Lentidão nos processos: A necessidade de provar que as alterações no Plano Diretor foram direcionadas a interesses privados dificulta decisões rápidas contra o projeto.
  • Força do poder econômico: Empresas e políticos aliados utilizam recursos e influência para dificultar a tramitação de embargos e denúncias.
  • Infiltração do crime organizado: A atuação de interesses escusos no ambiente político reforça um cenário de intimidação e negligência das autoridades locais.

Essa aliança entre especulação imobiliária, crime organizado e poder político é um exemplo de como interesses econômicos corrompem processos democráticos e ignoram a legislação ambiental em favor do lucro.


4. Consequências para Suzano e a região

Se o aterro for concluído, Suzano e as cidades vizinhas enfrentarão impactos irreparáveis:

  • Agravamento das enchentes: A destruição da várzea reduzirá a capacidade de absorção da água das chuvas, resultando em inundações mais frequentes e severas.
  • Poluição do solo e da água: A infiltração de resíduos comprometerá a qualidade dos recursos hídricos da região.
  • Perda de biodiversidade: Espécies nativas e ecossistemas delicados serão destruídos, causando desequilíbrios ambientais.
  • Desigualdade social: As comunidades mais vulneráveis serão as mais afetadas pelas consequências desse crime ambiental.

5. O que podemos fazer?

Apesar dos desafios, é possível reverter esse cenário com ação coletiva e estratégica:

  1. Denunciar as irregularidades do Plano Diretor: Exigir uma revisão das alterações feitas em 2017, destacando seu caráter direcionado e prejudicial ao interesse público.
  2. Apoiar ações judiciais: Movimentos como o MDAPART têm mobilizado a sociedade para barrar o aterro na Justiça e responsabilizar os agentes envolvidos.
  3. Fortalecer a pressão política: Cobrar transparência e comprometimento das autoridades ambientais, municipais e estaduais.
  4. Conscientizar a população: Informar sobre os impactos do aterro e a importância da APA para o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida.

6. A APA do Rio Tietê como símbolo de resistência

A APA do Rio Tietê não é apenas uma área ambiental; é um símbolo da luta contra um modelo de desenvolvimento predatório que prioriza o lucro sobre o bem comum. Em vez de aterros e loteamentos, devemos exigir:

  • Criação de parques ecológicos: Espaços que preservem a natureza enquanto oferecem lazer e educação ambiental à população.
  • Projetos sustentáveis para a várzea: Atividades que gerem renda e emprego sem comprometer o meio ambiente, como turismo ecológico e apicultura.
  • Recuperação ambiental: Revitalizar áreas já degradadas, mostrando que é possível alinhar preservação e desenvolvimento.

Conclusão: A luta continua

A defesa da APA do Rio Tietê é um enfrentamento ao poder econômico, à especulação imobiliária e à corrupção política. Mas também é uma oportunidade de construir uma Suzano mais justa, sustentável e humana.

Aparentar legalidade não torna algo legítimo. Alterar o Plano Diretor para beneficiar poucos às custas de muitos é uma afronta à democracia e à justiça social. Não podemos nos calar.

Denuncie. Mobilize-se. Participe. O futuro da APA do Rio Tietê – e de Suzano – depende da nossa união.

Importante a luta!

Sigamos!!

referencias e fontes:

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