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Segurança Cibernética e o poder popular: é política, é soberania

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Quando falam em segurança cibernética, muita gente imagina um técnico trancado numa sala fria, monitorando alertas numa tela cheia de gráficos e códigos. Outros pensam logo em antivírus, senhas fortes, backups automáticos. Tá certo. Mas tá muito longe de ser tudo. Porque segurança cibernética de verdade é política na veia . É sobre quem decide, quem controla, quem lucra, quem é vigiado e quem é silenciado nesse novo mundo de dados, plataformas e algoritmos. E se a gente não entrar nessa conversa, alguém vai entrar por nós. E geralmente não é quem nos quer livres. Por isso, precisamos defender que segurança cibernética: não pode ser desculpa pra autoritarismo digital , não pode ser monopólio das grandes corporações , não pode ser ferramenta de controle social disfarçado de proteção . Tem que ser construída com base em três pilares: Liberdade como valor inegociável. Autonomia como capacidade coletiva. Justiça como fundamento técn...

Mundanidade e Nova Episteme: entre o chão e o código

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Tem gente que pensa que pra falar de tecnologia, inteligência artificial ou soberania digital, a gente precisa deixar os pés fora do chão. Que esse é um assunto pra especialistas, pra técnicos, pra gente de jaleco e MBA. Aqui no ppplebeu , a gente discorda. A gente insiste que é justamente no chão da vida real, na experiência comum, na mundanidade — que mora a verdadeira força pra reconstruir o futuro. Porque essa tal de nova episteme que estamos desenhando aos poucos por aqui, entre um texto e outro, entre uma conversa e uma provocação, não é uma episteme do céu das ideias . É uma episteme da rua, do campo, da fábrica, da quebrada, da escola pública, da feira livre, da comunidade de software e da comunidade de fé . Ela não se afasta da mundanidade. Ela nasce dela. É com a vivência concreta — aquela que sente no corpo o preço da passagem, a fila do SUS, o medo da demissão e o desmonte da escola — que se forma o olhar atento, crítico e criativo capaz de questionar também a ló...

30 de março, caminhamos para a Avenida Paulista: hoje é dia de manifestação, mas também é dia de escuta.

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Hoje, 30 de março, caminhamos para a Avenida Paulista carregando cartazes, palavras de ordem e um sentimento que atravessa mais do que os noticiários e as redes sociais: carregamos em nós uma experiência de mundo que é existencial antes de ser política — e que, por isso mesmo, é política no seu sentido mais radical . Nas últimas semanas, mergulhamos em Ser e Tempo , de Martin Heidegger. Lá, encontramos o conceito de ser-no-mundo : o ser humano não é um sujeito isolado que observa as coisas de fora. Somos seres lançados no mundo, mergulhados em relações, práticas, estruturas. Nosso ser é sempre um estar junto, um estar afetado, um cuidar. Mas Heidegger também nos alerta: podemos nos perder. Podemos cair na repetição, na distração, no impessoal. Vivemos muitas vezes segundo o “todo mundo diz”, o “sempre foi assim”. Essa queda no cotidiano nos lembra a expulsão do paraíso, o esquecimento do ser, a alienação de si mesmo. E no entanto, é desse ponto que pode nascer a libertação. H...

A Nova Episteme: Entre Chips, Lutas e Liberdade

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Vivemos um momento decisivo. Não é apenas uma nova fase da tecnologia. É a mutação do próprio ambiente humano . Hoje, nossos corpos, nossas decisões, nossos desejos e nossas relações já atravessam diariamente uma zona híbrida, onde o real, o digital e o analógico se confundem — e se reconfiguram. Mas o que nos foi oferecido nesse novo mundo? Uma falsa liberdade, empacotada em termos de uso. Uma democracia sob vigilância. Uma conexão constante, mas vazia de sentido. E é aqui que entra a nova episteme : A necessidade de um novo jeito de saber , sentir e fazer nesse mundo em transformação. Um jeito nosso. Popular. Descolonizado. Rebelde. Não queremos só entender como funcionam as máquinas — queremos falar com elas em nossa língua, com nossos valores e sotaques , como bem lembra o trabalho da pesquisadora Cecilia Rikap , que denuncia a concentração de poder nas mãos de Big Techs e defende uma reorganização radical da produção de conhecimento e tecnologia.¹ Não se trat...

Soberania Tecnológica e a Nova Episteme: Irreverência para Não Envelhecer

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Introdução – Um Blog Irreverente, um Tema Imenso! O que um blog chamado ppplebeu , com três “pês” de teimosia, pode dizer sobre inteligência artificial , cibersegurança e soberania tecnológica ? Talvez tudo. Talvez nada. Mas o que nos move é justamente o risco de dizer. É a velha ousadia de quem se recusa a envelhecer no espírito, mesmo quando os cabelos insistem. É a irreverência que vem da rua, da fábrica, da quebrada, das ocupações, dos sindicatos e dos becos onde as ideias se chocam com a vida real. Se o futuro vai ser digital, então é bom que ele seja nosso . Mas "nosso" de verdade — com liberdade, justiça e consciência. E pra isso, a gente precisa parar de ser só usuário. Só consumidor. Só número. É hora de aprender a andar com as máquinas como aprendemos a andar pelas trilhas da mata, pelas vielas da favela ou pelo centro da cidade grande. É hora de construir uma nova episteme — uma outra forma de saber e de se relacionar com esse mundo híbrido onde o re...

O desmonte do Hospital Auxiliar de Suzano e o jogo político que ameaça a saúde pública regional

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O que está em curso em Suzano não é um simples desvio de função de um hospital. É um processo silencioso, cuidadosamente embalado em discursos publicitários, que desorganiza a rede de saúde, desinforma a população e destrói um equipamento histórico essencial ao sistema estadual: o Hospital Auxiliar de Suzano (HAS) . O papel estratégico do HAS dentro do SUS O HAS foi concebido como unidade de retaguarda vinculada ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP , fazendo parte de uma rede articulada de atenção à saúde de alta complexidade. Com cerca de 200 leitos e uma equipe multidisciplinar especializada, sua missão sempre foi clara: oferecer cuidados prolongados, reabilitação, cuidados paliativos e atenção clínica contínua a pacientes que já superaram a fase aguda, mas que ainda precisam de suporte técnico especializado. Essa função permite que hospitais de grande porte, como o próprio HC, mantenham seus leitos disponíveis para casos graves e urgentes. O HAS nunca fo...

Como a Inteligência Artificial pode servir à periferia?

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A Inteligência Artificial (IA) vem sendo anunciada como uma das maiores transformações do nosso tempo. Em pouco tempo, passou de uma ferramenta experimental para se tornar presença constante na educação, nos serviços públicos, na indústria e até nas interações cotidianas. Mas, em meio a tanto entusiasmo, uma pergunta precisa ser feita com firmeza: quem está acessando a IA? A maioria das comunidades periféricas ainda enfrenta dificuldades para garantir o básico — moradia, transporte, saúde, educação e segurança. A desigualdade estrutural também se manifesta no mundo digital: enquanto poucos acumulam dados, poder computacional e acesso, milhões de pessoas permanecem excluídas da nova era digital. Neste cenário, a IA pode ser mais uma barreira ou uma ponte. A escolha depende de como vamos organizá-la social e politicamente. IA como ferramenta para geração de renda com dignidade A revolução digital abriu novas possibilidades para o trabalho e o empreendedorismo popular. Com acesso e fo...