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IOF, Congresso e a Luta de Classes: Não foi derrota do Lula — foi vitória dos ricaços. Mas o PSOL não se calou.

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Enquanto o Brasil tenta respirar sob o peso da desigualdade histórica, o Congresso Nacional decidiu dar mais uma ajuda aos que menos precisam: derrubou o decreto presidencial que ajustava as alíquotas do IOF , um imposto que incide sobre operações financeiras e poderia ampliar a arrecadação do Estado, tocando de leve nas margens do capital especulativo. A narrativa dominante tentou emplacar que o governo Lula sofreu uma derrota política. Mas vamos direto ao ponto: não foi uma derrota de Lula — foi uma vitória dos ricaços. Quem perdeu foram as trabalhadoras e os trabalhadores , que mais uma vez viram o parlamento agir em defesa dos seus patrões. Nos venderam a história de que era “apenas um decreto”. Mas o que está em jogo é muito mais: é o coração da política econômica brasileira , dominada há décadas pelo rentismo, pelos banqueiros e pelos operadores do capital improdutivo. Ao barrar o aumento do IOF, o Congresso se colocou frontalmente contra qualquer tentativa de justiça fis...

Seleção tem visto negado por Governo Trump.

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É com indignação, ainda que não com surpresa, que recebemos a notícia de que uma seleção nacional de voleibol foi impedida de participar de um torneio internacional nos Estados Unidos por negação de vistos pelo governo estadunidense . A matéria, veiculada na grande imprensa, revela mais do que uma falha burocrática: expõe, com brutal clareza, os mecanismos silenciosos de exclusão política, simbólica e geopolítica que seguem operando sob o verniz da democracia liberal. É importante dizer com todas as letras: os Estados Unidos não têm o direito de definir, sozinhos, quem entra e quem participa do mundo. O veto não é apenas à entrada física de uma equipe esportiva. O veto é simbólico: é um não ao direito de um povo de se apresentar no cenário internacional, de disputar em pé de igualdade, de existir no campo do reconhecimento. E isso é inaceitável. A geopolítica dos vistos é uma das formas mais perversas e naturalizadas de racismo sistêmico internacional , onde passaportes não val...

Liberdade com Lado: justiça e presença.

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Nós, trabalhadoras e trabalhadores, não viemos aqui pedir favorzinho. Nem estamos em busca de jeitinho, esmola ou quebra-galho. O que queremos — o que exigimos — é respeito, é dignidade, é direito. E como disse José Martí, com a fúria mansa dos que sabem o valor da justiça: “Direito não se pede, se toma. Não se mendiga, se conquista.” I. Um mundo em ruínas e disputas O século XXI já não disfarça: as guerras se tornaram norma, não exceção. Enquanto Gaza sangra sob os escombros — com milhares de vidas apagadas por Israel — enquanto o Irã e o Líbano se equilibram na beira do abismo, enquanto a Rússia bombardeia e a Ucrânia resiste com armas da OTAN, o que está em jogo não é apenas geopolítica. É o valor da vida. É a manipulação da narrativa global, onde quem morre nunca é o centro, mas o efeito colateral. Em todos os lados, o império fala em “defesa”, mas age com destruição. Os povos falam em existência, mas são calados com drones, cercas e sanções. A guerra é o fracas...

Militância Viva e Palavra Habitável

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A Palavra como Casa: a  palavra não é apenas um instrumento. Ela é morada. Ela é gesto, corpo, mundo. Ao habitá-la, também somos por ela habitados. E se há palavras que nasceram para o domínio, há também aquelas que podem ser retomadas, rebatizadas, reencantadas. Este manifesto nasce do desejo de não abandonar o verbo, mas de reexistir dentro dele — transformando-o, cultivando-o, fecundando-o com vida. Aqui não rejeitamos o verbo militar , mas o repovoamos. Porque sabemos que há um "miles" que mata, mas há também aquele que vive — e até morre — para que outros possam viver. O militante do ser. Este é um manifesto em três movimentos: denúncia, reinvenção, reencarnação. I. Entre o Grito e o Espetáculo: A Arte diante da Violência “Eles combinaram de nos matar, mas a gente combinou de não morrer.” — Conceição Evaristo A violência habita a vida, mas transborda no humano. De instinto de sobrevivência, torna-se sistema de dominação. E a arte, espelho do mundo, pode tanto e...

Querida Mogi das Cruzes: uma integridade ferida.

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No último dia 24 de junho, chegou à Câmara Municipal de Mogi das Cruzes o Projeto de Lei que foi denominado com o número 135/2025 , de autoria do Executivo, que propõe instituir um “Programa de Integridade” no âmbito do Governo. A proposta chegou cercada de um discurso sedutor: ética, combate à corrupção, modernização, transparência. Mas o que há por trás de palavras tão bem embaladas? Logo de início, o que se viu foi um ritmo apressado e autorreferente . A mensagem da Prefeita tem data de 18 de junho e, no dia seguinte, já tramitava com pressa incomum para projetos dessa envergadura. Não houve audiência pública, escuta qualificada nem diálogo com quem vive o cotidiano da administração municipal. A tramitação atropelou até mesmo as comissões desta Casa. Ora, se estamos falando de integridade, não podemos ignorar o básico: a integridade começa pelo respeito ao processo . E esse respeito foi, no mínimo, negligenciado. Afinal, o que significa aprovar um Programa de Integridade atrop...

O Capital — O Santo, o Demônio e o Cambista

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Há quem acredite que o capital é só dinheiro. Iludidos. O capital é mais esperto do que isso. É coisa viva, cheia de artimanhas. Tem forma de loja, de aplicativo, de banco, de fábrica, de cartão, de dívida, de promessa, de desejo e, veja bem, até de sonho. O capital não é só o que você guarda — ou o que nunca conseguiu guardar. Ele é, sobretudo, o que te move ou o que te paralisa. O Capital Move o Mundo… De Quem? Sim, ele move. Faz cidade brotar onde era mato. Faz prédio crescer onde morava gente. Faz ponte, estrada, hospital, mas também faz muro, cancela e cerca elétrica. Ele mobiliza. Acelera. Conecta. Mas pergunta-se: mobiliza pra quem e pra quê? Se você é dono dos meios, o capital vira turbina. Se não é, ele vira coleira. Ou tornozeleira. Ou boleto — o novo catecismo da modernidade. Entre o Milagre e o Golpe O capital é aquele tipo de truque que te vende esperança enquanto te cobra aluguel. Diz: “Trabalha, estuda, se esforça” — e, quem sabe, um dia você sobe a escada....

O Grito que Permanece

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Todo ano, a cidade se veste de festa. O Divino Espírito Santo desce do céu para caminhar com o povo, entre fitas, bandeiras, tambores e promessas. Os palmitos entram em cortejo. Não apenas folhas, mas símbolos. Entram os lavradores com seus chapéus gastos pelo sol e a força da terra nas mãos. É a ancestralidade dos corpos, a fé encarnada na cultura, a inculturação da esperança. Mas há um traço que permanece, mesmo quando as bandeiras são recolhidas. Um traço que não se dissolve nas águas da procissão. Está lá, na parede da catedral. Uma pichação! Uma escrita anônima, rude, talvez marginal — mas viva. Não foi feita no dia seguinte a um episódio específico. Não foi um protesto direto. É mais profunda. É uma marca que fica. Dizem que houve um tempo — ou muitos — em que o templo fechou suas portas aos corpos cansados. Que em plena Festa do Divino, quando os fiéis buscaram abrigo, banheiro, dignidade, encontraram não acolhimento, mas recusa. O sagrado não abriu a porta para...