Andre do Prado: símbolo do enfraquecimento do Legislativo Paulista


O parlamento paulista, que historicamente se destacou como um dos mais poderosos do país, hoje se ajoelha diante do Executivo estadual, traindo sua responsabilidade de representar e fiscalizar. A reeleição de André do Prado à presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) escancara essa subserviência e consolida um cenário preocupante: o governador Tarcísio de Freitas, representante do bolsonarismo, assume de vez o controle absoluto sobre a Casa, enquanto parte significativa das forças políticas, inclusive setores democráticos conservadores, capitula vergonhosamente a esse projeto autoritário.

O papel de André do Prado é claro: ele é o carrasco do Legislativo, encarregado de garantir que a Alesp não represente um obstáculo real aos desmandos do governo estadual. Sua reeleição não foi apenas um movimento político dentro da casa legislativa, mas um símbolo da dissolução da independência parlamentar em São Paulo. O Executivo, por sua vez, desempenha o papel da forca, apertando o laço sobre as instituições que deveriam servir à população, mas que hoje apenas atendem aos interesses de um projeto político cada vez mais centralizador e excludente.

Essa rendição não se limita à direita tradicional. Há também setores da esquerda que, por cálculo político ou medo do enfrentamento, evitam expor essa vergonhosa entrega da Alesp ao governo estadual. O silêncio e a omissão contribuem para a consolidação desse cenário, tornando-se cúmplices do avanço de uma agenda que enfraquece os espaços de resistência democrática.

Neste contexto, a posição da vereadora Inês Paz ganha um peso simbólico importante. Em Mogi das Cruzes, onde a Câmara Municipal segue a mesma linha de submissão ao conservadorismo, ela foi a única vereadora a votar contra o requerimento de congratulações a André do Prado, promovido pela maioria governista. Esse ato, por mais simples que pareça, demonstra a necessidade de um enfrentamento direto e sem concessões a essa nova ordem imposta pelo bolsonarismo paulista. A resistência, embora solitária, deve ser um chamado para que outras vozes democráticas se levantem antes que seja tarde demais.

A história já mostrou que a inação diante da ascensão do autoritarismo não leva a acordos duradouros, mas sim à destruição das instituições democráticas. Forças conservadoras que ainda prezam minimamente pela democracia precisam romper essa subserviência e retomar um papel de protagonismo na defesa do equilíbrio entre os poderes. Do contrário, estarão apenas assinando seu próprio atestado de irrelevância diante de um governo que não hesita em concentrar poder e minar qualquer oposição real.

Que essa denúncia sirva de alerta e, mais do que isso, de ponto de partida para uma reorganização das forças que ainda acreditam na necessidade de um parlamento forte e independente. A democracia não sobrevive sem resistência.

Comentários