Tratamento de Água - Processo Máquina Viva

Devolver ao ambiente a água utilizada em um estado igual ou melhor do que antes, e demonstrar possibilidades sustentáveis para os problemas do dia-a-dia é o que busca o Ecocentro do Instituto de Permacultura do Cerrado (Ipec)


Devolver ao ambiente a água utilizada em um estado igual ou melhor do que antes, e demonstrar possibilidades sustentáveis para os problemas do dia-a-dia é o que busca o Ecocentro do Instituto de Permacultura do Cerrado (Ipec) ao desenvolver diversas soluções para o tratamento ecológico e reciclagem de efluentes. Construídos de forma simples e elementar para atender às necessidades de saneamento de todos os tipos de ambientes, a máquina viva e o infiltrador séptico apresentam-se como alternativas para o tratamento e reaproveitamento da água.

Com o sistema de máquina viva, após 15 dias de retenção, a água já está pronta para o uso na irrigação de jardins e descarga de sanitários, por exemplo. Destinado ao tratamento biológico de efluentes de cozinhas e sanitários, o sistema conta com um reator anaeróbio ou biodigestor. Trata-se de uma câmara de tijolos onde ocorrem reações químicas de origem biológica geradas pela atuação de bactérias anaeróbicas, que digerem os resíduos, como restos de alimentos e esterco, produzindo gás metano. Já nesse estágio, cerca de 85% da água é tratada, tornando-se praticamente cristalina.

Na próxima etapa, a água segue para outra célula do sistema, um substrato flutuante de plantas aquáticas e semi-aquáticas onde ocorre a oxigenação e digestão aeróbica. Na etapa final do processo, a água vai para um filtro de sólidos.

O nível de tratamento resultante desse processo é quaternário, o que equivale ao máximo de purificação. Além disso, a máquina viva permite o tratamento de grande quantidade de água, sendo indicado até para pequenas indústrias.

Já o infiltrador, embora não devolva água tratada ao ambiente, pode render um belo pomar. Popularmente conhecido como "fossa de bananeira", é uma tecnologia de tratamento doméstico destinada a solucionar problemas de poluição característicos de zonas urbanas e periféricas. "Em locais onde a população urbana é maior que 500 habitantes/km², o solo não consegue realizar a eliminação completa dos patógenos (microorganismos que podem causar doenças) que, se atingirem os lençóis freáticos perto das superfícies, causam sérios riscos à população", afirma André Soares, diretor do Ecocentro do Ipec.

O infiltrador atua pelo tratamento de efluentes sanitários convencionais, que são jogados em uma espécie de sumidouro, uma valeta de 1 m x 1 m x 4 m, que pode ser repetida paralelamente, dependendo do volume de água a ser tratado. Em seu interior, é construída uma câmara feita com tijolos de seis furos, tijolos maciços e meias-manilhas de concreto, que recebe a água poluída para tratamento biológico híbrido, ou seja, os efluentes passam pela ação de dois tipos de microorganismos presentes: anaeróbicos e aeróbicos. Na medida em que o volume de água aumenta, o líquido sai pelos furos dos tijolos e vai para uma outra câmara, preenchida por material poroso, como argila, onde acontece a digestão aeróbica da matéria orgânica e minerais.

Na parte superior da vala são plantadas bananeiras e outras plantas que vivem em ambientes úmidos (higrófilas) para realizar a evaporação do líquido remanescente. De acordo com Soares, o sistema já foi instalado em diversos ambientes, desde residências e condomínios convencionais, até restaurantes e feiras, gerando resultados positivos. "Não há efluentes e as plantas produzem alimentos de ótima qualidade."

Desde 1998 atuando na pesquisa, elaboração e disseminação de práticas e soluções tecnológicas sustentáveis para questões atuais, o Ecocentro possui cerca de 50 sistemas diferentes de tratamento de água. "Desenvolvemos alternativas para todos os tipos de ambientes, buscando práticas de sustentabilidade que solucionem os mais variados tipos de problemas", reforça Soares.

Fonte: http://www.revistaau.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em defesa do Poder legislativo de Suzano

De quem, realmente, é esta derrota?

O que Jesus Cristo diria?