Suzano-SP: a greve certa no lugar errado

Penso que o início da corrupção em uma democracia é a compra e venda de votos. Quando o voto se torna mercadoria e deixa de ser um elemento de decisão. Quando o sujeito abre mão de sua prerrogativa, de emitir através do voto sua decisão, ele deixa de ser sujeito e transforma-se no polo ativo de uma compra e venda infame, desonesta, corrupta, abominável e hedionda.


A gravidade desta compra e venda, neste mercado funesto e abominável, torna-se mais grave quando o sujeito detentor do voto é, por lei ou por tradição, representante de gente.


Chamamos gente a todos nós, trabalhadores e trabalhadoras que, em nossa democracia representativa, somos chamados a votar ou dar representação.


Todavia quando nossos representantes na entidade de classe vende sua decisão de liderança a quem interessa comprar.


Entrementes nossos parlamentares em qualquer nível, vende sua decisão e seu trabalho legal a quem interessa comprar, seja o poder econômico ou outro poder qualquer.


Quando um religioso abre mão da busca de sua verdadeira construção comunitária e vende seus ofícios, que deveriam ser sagrados, trocando-o pelo vil metal.


Sobremaneira nossos julgadores e operadores do direito vendem seu ofício, conhecimentos e domínio dos meandros dos arcabouços legais, abrindo mão dos valores e princípios que norteiam a verdadeira harmonia social, trocando seu ato de julgar pela vaidade, pelo partidarismo e pela pressão dos interesses corporativos.


Quando estas coisas acontecem devemos, todos, parar e recolocar as coisas em seu devido lugar.


Colocar, as coisas e as idéias, em seu devido lugar deve ser sempre uma ação coletiva, iluminada por uma grande reflexão, também coletiva. Caso contrário seria uma ato ditatorial e antidemocrático.


Um coletivo é sempre formado por um conjunto de gentes. E seu instrumento de reflexão, entre outros, deve ser o debate aberto e franco.


Por conta disto quero afirmar, em alto e bom som, que os servidores públicos de Suzano mais uma vez tem seus direitos básicos violentados por estes que deveriam ser o seu defensor. O sindicato da categoria que deveria representá-los não o faz. Não o faz por possuir uma direção pelega que a muitos anos trabalha somente em interesse próprio.


Quando permitiram que o governo municipal, em 2016, enviasse uma lei orçamentária para a câmara municipal sem a previsão e dotação de um rubrica que garantisse o aumento, ou pelo menos a reposição salarial dos servidores a direção sindical prevaricou.


Não bastasse esta prevaricação, a direção também vendeu-se  e corrompeu-se quando aceitou 10% de aumento vitalício para seus membros, além de um abono de R$ 2.000,00 reais em seu contracheque. Abandonando à época sua função de lutar pelo direito de todos os trabalhadores e trabalhadoras.


É importante deixar claro esta questão. Caso contrário as relações salariais junto ao funcionalismo nunca mudarão e sempre ficarão à mercê de conjunturas e políticas de governo que nem sempre terão o devido respeito ao direito dos trabalhadores. Não sendo este o caso, a nosso ver, da atual administração de Rodrigo Ashiuchi e Walmir Pinto.


Enquanto secretário de governo fui procurado por um conjunto de funcionário que denunciaram a criação de um ambiente de ameaças no interior do funcionalismo caso algum grupo quisesse formar chapas para disputar a eleição sindical. Este estado de coisas está sendo investigado, pois não podemos aceitar este tipo de situação nem compactuar com qualquer situação que coloque em risco o direito dos servidores de exercer sua representação sindical. Isto é válido não só para a direção sindical atual como para qualquer outra que venha a se formar. Os trabalhadores e trabalhadoras têm o direito de se organizarem em sindicato.


Por outro lado a direção sindical não pode enganar o trabalhador e a trabalhadora. Queremos aqui deixar claro nosso respeito ao direito de greve. Mas também queremos avaliar que uma greve deve ser desencadeada em situação de justiça e de acordo com a realidade do município para atender o necessário interesse dos trabalhadores e trabalhadoras.


Hoje temos um governo que se inicia e que vem dando demonstrações inequívocas de capacidade administrativa e zelo pelos princípios de um governo transparente, com inclusão social e participação social.


A pouco mais de quatro meses de trabalho os resultados são significativos, independente é lógico, sabemos que muito temos que melhorar. Mas estamos no início, e vamos continuar trabalhando para resolver todos os problemas que são pertinentes ao tempo de um governo como o nosso.


Desencadear uma greve agora pode não ser o melhor instrumento para construir as condições objetivas de garantia de direitos, não só para o funcionalismo, como também para toda a população.


Além do mais, os trabalhadores não podem se deixar fazer-se de massa de manobra de uma direção sindical que não luta no momento certo para garantir os interesses legítimos de nossa gente. Que prevarica, se vende e amarela na hora da luta.

Porque não discutiram a greve em 2016 quando o orçamento para este ano estava sendo montado? A resposta é simples: porque se venderam pelo 10% de aumento vitalício e pelos R$ 2000,00 reais de gratificação salarial doado aos dirigentes sindicais pelo governo Paulo Tokuzumi e colaboraram para um orçamento público ineficaz e sem participação social.

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